segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Siga o Dinheiro e chegue ao ladrão

Siga o dinheiro e pegue os ladrões!

Posted: 30 Nov 2014 03:58 AM PST


Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão serrao@alertatotal.net

Especialistas em combate à lavagem de dinheiro têm uma diretriz básica para se obter sucesso na prevenção e repressão a este crime muito comum no mundo globalitário. A dica simples é: "Siga o dinheiro e pegue os ladrões". O complexo é perseguir os caminhos da grana, geralmente obtida em negociações corruptas entre grandes empresas e o poder público. Atualmente, os mesmos experts no assunto indicam o lugar onde tal investigação fica mais complicada: as Ilhas Seychelles. Follow the Money...

Trata-se de uma república presidencialista cuja capital é Victória, um paraíso fiscal situado no continente africano, mais precisamente no Oceano Índico Ocidental. Lá estaria o mapa da mina da Lava Jato, do Mensalão e de outros megaescândalos ainda nem revelados. Uma grande dica de investigação é saber que jatinhos, que passageiros ilustres ou seus laranjas passaram pelo moderno aeroporto internacional de Mahé.

No começo de junho deste ano, o Alerta Total revelou que pelo menos 170 milhões de Euros pertencentes à família de um próspero político brasileiro foram movimentados de bancos na Europa para contas no duplo paraíso fiscal e estético das Ilhas Seychelles. Apelidada de “Filho de Peixe”, a operação confidenciada pela “turma do dólar cabo” foi alvo da lupa de investigadores dos EUA. A corrupta família brasileira centraliza seus depósitos bancários no Panamá. No entanto, faz a grana circular entre a França, a Itália, Seychelles e o Brasil.

A enorme transferência de euros foi feita em favor do esquema brasileiro, na semana passada, foi interpretada como uma manobra defensiva. O grupo político que faz a movimentação atípica de moeda estrangeira tem a certeza de que será alvo, em breve, de ações da Polícia Federal, sofrendo denúncias posteriores do Ministério Público e da Justiça Federal. A blindagem está quase no fim. Falta um tantinho para a casa cair...

A família do fenômeno empresarial e seus parceiros de negócios vêm chamando a atenção não só de investigadores tributários e policiais, mas também dos grupos que atuam no mercado paralelo de dólar – alvo da Lava Jato. O grupo faz bruscas operações de mudança do controle de ações de empresas dos setores de alimentação e telecomunicações. Também faz muitos negócios na compra de diamantes africanos. Por aqui, investe em imóveis - uma burrada, facilmente identificável - e em construção civil.

No mercado acionário, existem evidências de que “laranjas” são escalados para substituir os reais detentores das ações. O objetivo da manobra é preservar a fortuna e não comprometer o santo nome da família do empresário, caso estoure alguma bronca policial ou judicial - há muito tempo esperada, porém nunca efetivada. Especialistas na área de dólar cabo avaliam que a ação defensiva dessa máfia não conseguiu enganar os investigadores da Operação Lava Jato. Já foi desvendado onde se encontra o elo mais frágil da corrente que movimenta o sistema que lavou mais de R$ 10 bilhões em dinheiro público ilegalmente desviado.

O grupo mafioso tupiniquim caiu na malha fina de monitoramento da Drug Enforcement Administration – a agência anti-drogas do Departamento de Justiça dos EUA. No cruzamento de informações, ficou clara que uma das práticas comuns da super lavanderia de dinheiro é o financiamento ao tráfico de drogas – dando um destino supostamente de investimentos em moeda estrangeira ou ações da grana disponibilizada pelas máfias colombianas e mexicanas.

No meio dos negócios que parecem lícitos ou "investimento direto estrangeiro", a verba dos traficantes se mistura com o dinheiro público roubado no Brasil. Os cambistas que fazem isto estão manjados. O que ficou como uma evidência no escândalo do Mensalão se materializou na Operação Lava Jato – que ainda tem muitos fatos graves a investigar e, se possível, divulgar, até a prisão dos verdadeiros peixes grandes. O grosso da picaretagem está mapeada. Só falta fisgar os tubarões ou outros grandes moluscos menos votados.

O Petrolão é mais em cima...

  
A turma de investigadores da Lava Jato ainda tem uma missão muito dura que poderia ser facilitada pela CPI da Petrobras, se os parlamentares quisessem, realmente, fazer um trabalho sério. Quem deveria ser chamado a dar explicações sobre tudo que acontece por lá é o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, que é o atual responsável pelo Comitê de Auditoria da Petrobras. Também seria bom questionar possíveis deficiências da chamada Auditoria SOX feita pela KPMG, entre os anos de 2005 a 2011.

Investidores da Petrobras também sugerem que a CPI convoque o diretor de Finanças da companhia, que também responde pela área de relação com os investidores. O ultrablindado Almir Guilherme Barbassa tem mais poder que o presidente executivo da empresa. Está no cargo desde 2005. Ele poderia detalhar as atividades da PFICo (Petrobras Finance International Company), entre 2005 e 16 de dezembro de 2013, quando a empresa foi incorporada apressadamente pela Petrobras, junto com a RNEST (Refinaria Abreu e Lima) e o Comperj (Complexo Petroquímico de Itaboraí) - todas citadas nos escândalos da Lava Jato.

A CPI deveria observar um detalhe que passou despercebido de muita gente no mercado. Tais incorporadas foram avaliadas pelo seu valor contábil. Investidores denunciam a evidência de que isso inclua propinas, superfaturamentos e outras irregularidades menos votadas. Tais operações contaram com a anuência da PwC (PriceWaterhouseCoopers) - empresa que responde pela auditoria externa da Petrobras. Tudo comandado pelo Barbassa, que pessoalmente presidiu a Assembleia Geral Extraordinária de 16 de dezembro de 2013. Na reunião, foram registrados os protestos contrários do investidor Romano Allegro, e dos representantes dos acionistas minoritários Mauro Cunha e, dos empregados da empresa, Sílvio Sinedino.

A CPI também deveria pedir explicações aos diretores da Petrobras sobre os negócios da Petrobras Global Finance B. V. – uma caixa preta sediada em Rotterdam, na Holanda, e da pouco conhecida coligada da Petrobras, situada em um paraíso fiscal: a Cayman Cabiúnas Investment Co. Uma questão que precisa ser indagada ao Almir Barbassa, pelos parlamentares, é: como acontece a rolagem diária das dívidas da Petrobras com grandes bancos internacionais? Quem leva comissões (de praxe, e legais) sobre tais operações milionárias? Onde, como e a quem tal pagamento é feito?

Quem tiver coragem e capacidade de seguir o dinheiro vai pescar muito mais que supostos ladrões...

CVM na berlinda

--

Nenhum comentário:

Postar um comentário