sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O papel da Polícia Militar - Ives Gandra Martins

O papel da Polícia Militar

Ives Gandra Martins - publicação autorizada pelo autor.


Tem crescido a criminalidade em São Paulo. Mês após mês as estatísticas

estão piores. Por outro lado, os denominados grupos sociais estão cada vez

mais voltados à desfiguração das instituições e ao esfrangalhamento da ordem

jurídica.

O líder de um deles, que orienta as invasões de prédios e terrenos, declara

publicamente que o movimento vai muito além das invasões ilegais, e objetiva

instituir no País um regime marxista, no estilo apregoado pelo pensador

alemão, o qual, segundo Galbraith, era um intelectual admirado - desde que

não estivesse morando no país que o elogiava.

O movimento quer eliminar as elites, os empresários e os ricos, substituindo-os

pelos "saqueadores", na feliz expressão da escritora Ayn Rand no livro A

revolta de Atlas, pois, na visão deles, é bom que os que souberam construir a

nação sejam despojados daquilo que têm em prol daqueles que não sabem

construir. O pior é que os que defendem que ricos e pobres devem se unir para

fazer a nação mais rica, e os pobres, ricos, são considerados elites.

Pretendem, pois, em vez de fazer os pobres, ricos, fazer os ricos, pobres.

Por isso a nação vai muito mal, e ao lado da Argentina, Cuba e Venezuela,

ostenta as piores performances econômicas do continente.

Para impor a ordem e permitir que os que desejarem modificações, que as

promovam através de seus representantes nos Legislativos e não por meio da

violência, as polícias militares são fundamentais - e São Paulo tem uma polícia

militar de nível e de valor.

Ocorre todavia, entre nós, fenômeno que impressiona. Exatamente aqueles

que deveriam apoiar a ação de policiais militares em defesa da ordem, da

sociedade e da paz social, pois dela se beneficiam, são os que a combatem

(mídia e sociedade), se colocando ao lado dos criminosos e dos agitadores,

como se os direitos humanos devessem estar mais voltados à defesa dos

meliantes do que da sociedade.

Raramente os jornais publicam o número de mortos entre os policiais. Só em

São Paulo foram mortos, este ano, 73 policiais em choque com os criminosos.

Defende-se , todavia, que devem ser respeitados os direitos dos desordeiros,

que não respeitam a vida, o patrimônio público e privado e muito menos o

direito de ir e vir dos cidadãos.

Nos países civilizados, em que há ordem, as passeatas e manifestações são

autorizadas. Mas em alguns deles, os que promovem tais movimentos são

obrigados a limpar o local depois. E os criminosos são perseguidos e presos,

em nome da ordem.

No Brasil, os próprios policiais militares têm, atualmente, receio de defender os

cidadãos e o patrimônio público e privado, pois, quando o fazem, se algum

cidadão, num celular, fotografar sua ação de defesa, em que um criminoso ou

arruaceiro é afastado, às vezes, com aplicação da violência necessária, este

militar sofrerá inquérito e terá que defender-se das acusações às suas

expensas.

Creio que há necessidade de as funções dos que defendem a sociedade serem

valorizadas, o que fez o Conselho Superior de Direito da Fecomercio, que

presido, em reunião na qual, após exposição acentuando o trabalho que vem

sendo realizado pelas Polícias Militares, apesar das críticas, manifestou-se,

elogiosamente, a respeito de sua atuação.

É necessário que os direitos humanos de toda a sociedade, o que cabe à

Polícia Militar defender, não sejam pisoteados por aqueles que, dizendo- se

defensores deles, apoiam sistematicamente os que dilaceram as instituições.

Ives Gandra da Silva Martins é Jurista, Professor Emérito

da Universidade Mackenzie, das Escolas de Comando e Estado-Maior do

Exército, Superior de Guerra e do Tribunal regional Federal da 1ª Região,

Membro do Conselho Superior da Associação Comercial de São Paulo e

Presidente do Conselho Superior de Direito da FecomercioSP.

Artigo publicado no jornal Diário do Comércio, Seção Opinião, em

20/10/2014, página 02.

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