domingo, 23 de novembro de 2014

Puxando o fio da meada que não tem fim

Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Investigadores da Operação Lava Jato tentam obter provas concretas de que parte da propina que seria paga por empreiteiras, em negociatas com contratos superfaturados na Petrobras, pode ter se revertido para uma sutil compra de votos na recente eleição presidencial. Alguns dos depoentes teriam revelado que as construtoras fizeram pagamentos de "premiações" a seus empregados, principalmente em grandes obras nas regiões Norte-Nordeste, como incentivo indireto para um descarrego de votos em Dilma Rousseff. 

Além da expectativa para o indiciamento do grupo político (que pode variar de 40 a 70 ou mais figurões), essa suspeita de emprego do dinheiro de propina para "investimento" indireto, disfarçado e ilegal na campanha eleitoral é um dos pontos mais delicados em fase de apuração pela força tarefa que cuida da lava Jato. O temor de que tal assunto vaze (configurando crime eleitoral capaz de gerar um pedido de impugnação da chapa presidencial de Dilma-Michel Temer) já chegou à cúpula do governo.A ordem de cima é para abafar tal suspeita...

O cagaço é tanto que alguns assessores próximos à Presidenta Dilma Rousseff têm feito, nos bastidores, falsos elogios à atuação do juiz Sérgio Fernando Moro, da 13a Vara Federal em Curitiba. A tática é não provocar a ira do Homem de Gelo que tem muitas frentes abertas até agora em mais de 10 processos conduzidos sob a eficiente lógica da "transação penal", com colaborações premiadas que geram provas concretas para condenação. Além disso, na tradicional autofagia nazicomunopetralha, Dilma vai adorar que Moro tire do caminho dela muito "aliado" com poder para atrapalhar o segundo mandato... 

Além da suspeita de financiamento eleitoral disfarçado, existem muitos fios a serem puxados na Lava Jato. A partir da revelação de que o ex-gerente da diretoria de Serviços da Petrobras Pedro Barusco confessou ter recebido US$ 22 milhões em propina da SBM, empresa holandesa de afretamento de navios-plataforma, as investigações da Operação Lava Jato terão de mergulhar, além da camada pré-sal, nos negócios da Petrobras Global Finance B. V. – uma caixa preta sediada em Rotterdam, na Holanda.

Não se sabe quem são os dirigentes da empresa que cuida das finanças da endividada Petrobras na Europa. Só se sabe que no mesmo endereço holandês, no segundo e terceiro andares da (Wenna 722, Weenapoint Tower A, 3014DA, em Rotterdam), funcionam a Petrobras Nederlands (PNBV), a Petrobras Global Trading (PGT) e a Petrobras International Braspetro BV (PIB). As subsidiárias holandesas, além de fechar contratos, captam recursos para a empresa em euro e dólar.

Investidores da Petrobras suspeitam que a pouco conhecida subsidiária da Petrobras no exterior teria sido aparentemente criada para fazer o mesmo papel da PFICo (Petrobras International Finance) – da qual Assembleia Geral da Petrobras, em 16 de dezembro de 2013, aprovou uma estranha “cisão parcial”. Agentes do Departamento de Justiça dos EUA e da Securities and Exchange Comission (a xerife do mercado de capitais nos States) estão de olho vivo neste negócio.

Barusco é apenas uma pontinha do iceberg de corrupção. Barusco se aposentou na Petrobras em 2010 e, a partir daí, foi diretor de Operações da Sete Brasil, empresa que tem contrato de US$ 80 bilhões com a Petrobras. 
Agora, em processo de "colaboração premiada", Barusco se comprometeu a devolver cerca de US$ 100 milhões, algo em torno de R$ 253 milhões, o maior volume de dinheiro que um investigado resolve devolver aos cofres públicos a partir de uma investigação criminal no país. O ex-gerente confessou também que recebe propina por negócios escusos na Petrobras há 18 anos, desde 1996. Por isso, teria acumulado mais dinheiro desviado que outros ex-diretores pegos pela Lava Jato.

Se o terceiro escalão, desconhecido, faturou assim, imagina quem está acima dele na escala de recebimento de propinas no petrolão...


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