Cantareira precisa de R$ 6,1 bilhões para dessalinizar água do mar
O Consórcio PCJ estima que o projeto como um todo deve incluir usina de dessalinização em Bertioga (SP) e a construção de adutoras.
O Consórcio PCJ, associação de usuários da água das Bacias dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí que conglomera 43 prefeituras (incluindo Atibaia) e 30 empresas, produziu estudo sobre a possibilidade de dessalinizar água do mar e lançá-la no Sistema Cantareira e, assim, ampliar a oferta de água nos reservatórios, ocasionando, consequentemente, a ampliação da oferta de água para o interior do Estado de São Paulo, nas Bacias PCJ, e para a capital, na Bacia do Alto Tietê.
O Consórcio estima que o projeto como um todo, com a implantação de uma usina de dessalinização em Bertioga (SP) e a construção de adutoras que trariam a água até o Reservatório Jaguari/Jacareí do Cantareira, custaria algo em torno de R$ 6,1 bilhões. Para precisar mais este valor, são necessários ainda estudos de detalhamento técnico e financeiro.
CINCO TRAÇADOS
A equipe técnica do Consórcio PCJ estudou cinco alternativas de traçados para trazer a água do mar para a região da cabeceira da Bacia do Rio Piracicaba, sendo o mais viável o que busca água em Bertioga (SP), por ser o trajeto mais curto com 99,9 km de adutoras. Porém, há um desnível a ser superado por meio de bombeamento de no mínimo 663 metros de altitude para chegar à região do Sistema Cantareira.
A opção por lançar a água dessalinizada no sistema Jaguari/Jacareí permitirá manter de forma artificial em tempo integral o sistema com no mínimo 80% de sua capacidade de reservação, respeitando 20% do espaço útil como reserva estratégica de volume de espera, ou seja, para acumular água de chuvas no período de grandes precipitações no verão, evitando inundações a jusante das barragens.
USINA EÓLICA
Segundo o secretário-executivo da entidade e coordenador do projeto, Francisco Lahóz, a energia necessária para o bombeamento dessa água poderia ser obtida com a implantação de usina eólica aproveitando, assim, a energia do vento sem sobrecarregar o sistema elétrico convencional. “Além de ser uma obra essencial para a ampliação da oferta de água para salvar as duas principais regiões econômicas do Brasil, estamos preocupados com a minimização dos impactos ambientais. O uso de energia eólica é favorecido pelas correntes de ventos litorâneas”, comenta ele.
O estudo do Consórcio PCJ aponta duas tecnologias de dessalinização: por osmose reversa, utilizada em Israel, e a de evaporação. As duas formas são eficientes, sendo necessários estudos mais detalhados de viabilidade técnica e econômica de acordo com a realidade da região que será implantado. Existe ainda uma terceira alternativa desenvolvida no Estado da Paraíba, na Universidade de Campina Grande, sob a coordenação do professor e doutor Kepler Borges França, que utiliza como tecnologia o aprimoramento de membranas cerâmicas no processo de osmose reversa, acoplado a outros sistemas, num processo de dessalinização com tecnologia nacional e custos inferiores aos modelos acima mencionados.
EM ANÁLISE
No documento do Consórcio PCJ, a dessalinização por evaporação tem um custo de energia que representa 41% do custo operacional, enquanto na osmose reversa do modelo israelense é de apenas 26%. Porém, no quesito qualidade, a água dessalinizada por evaporação é a com mais pureza, por retirar aproximadamente 100% das partículas em suspensão, enquanto na osmose reversa esse índice é menor.
O conteúdo do estudo do Consórcio PCJ foi enviado há três semanas para a direção técnica da Sabesp, operadora do Sistema Cantareira, que respondeu ao ofício de encaminhamento dizendo que o projeto estava sendo analisado. O estudo também será enviado a todos os municípios e empresas associados à entidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário