Governo tenta evitar no STF derrota bilionária de bancos
22 de novembro de 2013 | 7h 32 CELIA FROUFE E
FELIPE RECONDO - Agencia Estado
BRASÍLIA
- A equipe econômica do governo faz, desde a semana passada, uma romaria ao
Supremo Tribunal Federal (STF) na tentativa de evitar uma derrota bilionária dos
bancos nos processos que contestam a correção das cadernetas de poupança após a
implantação de planos econômicos de combate à inflação nas décadas de 1980 e
1990, uma conta que pode chegar a R$ 149 bilhões.
O
cenário descrito aos integrantes do STF pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega,
pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e por outros ministros do
governo é catastrófico para o setor financeiro: redução drástica na concessão de
crédito, quebra de bancos e a possibilidade de que sobre para o contribuinte
cobrir o rombo que será criado na Caixa Econômica Federal - pelos cálculos do
BC, um terço do impacto da decisão acabaria sendo pago pela Caixa, banco com
forte atuação na poupança.
O
quadro preocupa ainda mais o governo porque a medida seria implementada em 2014,
quando Dilma Rousseff tenta a reeleição. Evitar a vitória dos poupadores é algo
extremamente impopular. Num ano de eleição, pode ser fatal.
O
julgamento do Supremo, que começa na próxima semana, encerrará uma disputa de
duas décadas envolvendo milhares de poupadores e as instituições financeiras. No
centro da discussão está a aplicação de novos índices de correção das cadernetas
de poupança em razão de planos econômicos que se sucediam numa tentativa de
conter a hiperinflação que marcou o período. O governo fixava a remuneração da
caderneta nos pacotes que baixava para conter a alta dos preços.
Em
todas as instâncias judiciais, até o momento, o poupador obteve vitórias. Agora,
10 ministros do STF devem dar um desfecho ao caso - o ministro Luís Roberto
Barroso não deve participar do julgamento, pois atuou como advogado antes de ser
nomeado para a Corte.
Nas
conversas reservadas, de acordo com ministros do STF e integrantes do governo, a
equipe econômica afirma que a vitória dos poupadores pode acarretar a quebra de
bancos, queda da arrecadação federal, seca no mercado de concessão de crédito e
até a necessidade de elevar a carga tributária para capitalizar a Caixa.
Argumento
Os
ministros do STF têm recebido visitas e telefonemas com esse discurso afinado.
E, nas conversas, emissários do governo Dilma asseguram que não se trata de
terrorismo. "É uma fala serena. O resto é o jogo da tribuna", comentou uma fonte
do governo.
Os
titulares dos ministérios da Fazenda e da Justiça, do Banco Central e da
Advocacia-Geral da União (AGU), além de técnicos das áreas jurídicas desses
órgãos e da Casa Civil, passam ainda a avaliação de que, confirmada a derrota
dos bancos, a lenta retomada do crescimento econômico ficará ainda mais
distante. "Com a diminuição de crédito, a atividade econômica atingida, geração
de emprego e renda atingidos, vamos ter um pibinho da Dilma... é sério", disse a
fonte.
O
temor é o de que alguns bancos acabem não suportando o valor que terão de pagar
aos correntistas caso o STF julgue que os poupadores tinham direito a porcentual
acima do que definido pelos planos econômicos. Essas perdas, conforme o BC,
ainda não foram provisionadas. A autoridade monetária só determinará o
provisionamento quando o Supremo decidir. A conta equivale a um quarto do
capital dos bancos do País. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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