terça-feira, 19 de novembro de 2013

A exumação de um cadáver que decepcionou o país

Monólogo fúnebre, tétrico.

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A exumação de um cadáver que decepcionou o país
José Geraldo Pimentel
Por isto que sempre falo. Se viver já é um saco, imagine morrer e ficar trancado em uma urna as vinte e quatro horas do dia. Nem o ex presidente João Belchior Marques Goulart escapou da sina do abandono pelos familiares, jogado como uma traça dentro de um jazigo particular sujo, empoeirado, fétido e entregue às moscas. Teve tantas considerações dos familiares que na hora da exumação não se sabia em que urna estavam os seus restos mortais. Quem salvou de fazer-se uma autópsia em outro cadáver e dizer que era o seu, foi a providência de uma alma penada que se lembrou de chamar o filho do coveiro que o lacrara no jazigo e não vivia mais. Ficou combinado que os restos mortais da urna apontada pelo filho do coveiro morto seria a do falecido gaúcho.
Não. Não quero morrer e ser enterrado em uma sepultura rasa, dado que não posso e não tenho jazigo particular cheio de ratos e baratas. Exijo ser cremado. No testamento constam os locais a onde deverão ser dispersas as cinzas. Um pouco sobre a cova do meu cão TILIM, na cidade de Paraty, às margens do rio Perequê-Açu, numa sombra de árvores onde cantam os sabiás e namora um casal que trai os seus cônjuges todas as manhãs, faça sol ou chuva. Eu costumava assistir da varanda de minha casa o par romântico agasalhado com um pedaço de plástico preto, sentado sobre um tronco de madeira. Aos seus pés corria as águas do rio paratiense.
O restante das cinzas deverão ser jogadas em alto mar, longe da passagem de barcos de carreira, como o trânsito perverso das barcas que ligam o Rio de Janeiro a Niterói. Um mar de verdade, longe da costa. A urna deve ser quebrada em muitos pedaços, jogados em locais diferentes.
Tenho pavor de certas intimidades. Vai que sou enterrado em uma cova rasa, e passados dois, três anos ninguém da família resgata a ossada e me levam para uma vala comum, enorme, onde se atiram cadáveres esquecidos pelos familiares, ou que nunca tiveram famílias, mendigos e mortos não identificados.
- Seu administrador vim resgatar os restos mortais do meu falecido pai. Gostaria de colocá-los em uma caixa, e guardá-la no jazigo coletivo construído na parede. Dá?
- Não dá, minha senhora. Não reclamou o corpo de seu pai na época certa, e o infeliz foi levado para a vala comum. Fica naquela direção. Não vai ser possível localizar os restos mortais, pois a essa altura se misturaram com os dos outros cadáveres!
"- Não foi tão ruim assim. Papai sempre foi um bem falante. Gostava de estar ao lado das pessoas, levando uma prosa. A essa altura incomodá-lo não vai fazer bem!" Pensa a filha dedicada, que deixa o cemitério de alma lavada.
"- Oi! Tira-me daqui. Não sei mais onde foi parar as minhas mãos. Os pés tomaram Doril. A coluna vertebral se desgrudou da cabeça. Só me restou essa cara de paspalho!" Ouve-se uma voz cavernosa, tão baixinha que ninguém consegue entender.
Essa introdução é para confessar a minha decepção quando vejo a exploração de um cadáver com fins políticos. Uma vergonha a presença de ex presidentes da república aplaudindo os restos mortais do ex presidente da república João Goulart ao lado da presidente da república Dilma Vana Rousseff, e da ex primeira dama do Brasil, senhora Maria Thereza Fontella Goulart, 73 anos. Honras militares para um presidente que abandonou o cargo ao ser cercado pelas Forças Armadas.
Se dizia que contava com os graduados, e parte considerável da oficialidade, não poderia ter abandonado o cargo, quando ainda só se falava em contra-revolução em andamento. Escafedeu-se de Brasília e foi procurar refúgio no Rio Grande do Sul, de onde deixou o país para se asilar em sua fazenda no Uruguai.
Estaria a platéia reverenciando realmente o cadáver certo! Ou se cultuava a memória de um embuste, um cadáver qualquer retirado do jazido da família Goulart por engano. Tudo é possível, pois o perito criminal que fez a autopsia foi um cubano.
A mandarim do cerimonial que providenciou o espetáculo privado da remoção dos restos mortais do ex presidente, não era outra senhora senão a conhecida trambiqueira mor da república, senhora Maria do Rosário Nunes. A ministra chefe da SEDH/PR que transformou a Polícia Federal em capacho de seus devaneios e o comandante do Exército, general Enzo Martins Peri, em montaria, cavalgando nas cercanias do Planalto. "Arria o lombo, seu bosta. Vamos passear!" Diz ela autoritária.
- Essa vaca suja sobe em mim, sem ao menos lavar a perereca imunda. Porra. Assim não dá!
Fiquei decepcionado com a ex primeira dama do país. Uma mulher que eu tinha como uma das mais belas mulheres que já passara pelo Planalto, embora fosse uma inutilidade como assistente social, papel normalmente destinado às esposas dos presidentes da república. Ela era só beleza física. Mas que se desnudou com o passar dos anos. Atualmente em termos de estética rivaliza com a bruaca do ex presidente torneiro mecânico. Essa bruxinha quanto mais enche a cara de botox, mais vai ficando sem graça. Imagine um garoto se aproximando dela, e a mando de uma rival, ou por conta de sua peraltice, dá-lhe uma leve espetada com um palito! O rosto da mulher vira um chuveirinho, inundando o local de gordura mal cheirosa!
Aquele encanto de mulher que vivia pendurada no ombro do ex presidente João Goulart, transformou-se num sapo seco atropelado na estrada. Sofri muito ao ver o que a perversão dos anos faz com uma mulher. Era só corpo sarado, e nada mais. Nem beleza física, menos ainda caráter que jogou na lata de lixo ao aceitar essa farsa de exumação dos restos mortais de seu marido.
Por favor, em nome da minha admiração de tempos passados, pede o endereço do esteticista que mascara a feiúra da galega do ex presidente que governou, sem nunca ter governado o país. Aquele que delegava poderes a ministros indicados pelos partidos que davam sustentação política ao governo. Um falso pop star que posava de estadista, e era aplaudido pelos que comiam em suas mãos.
Querida, depois reaparece em público, mas com outra postura!
Rio de Janeiro, 18 de novembro de 2013.



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