sábado, 14 de dezembro de 2013

O mártir do combate à repressão



O mártir do combate à repressão
José Geraldo Pimentel
Não se trata de premonição. Com a análise dos fatos, costumo fazer uma previsão do que pode acontecer no futuro. Não é o caso relacionado a este artigo. É algo muito forte que me tem trazido preocupação.
O coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra é a personalidade mais visada no mundo dos que pretendem imitar certos países latinos americanos; isto é: levar às barras de um tribunal de exceção os militares das Forças Armadas e policiais civis e militares que atuaram na repressão contra os militantes da luta armada, ex terroristas e ex guerrilheiros.
A vingança mora na alma e coração desses elementos. Eles agem como justiceiros. Para eles só há uma verdade. A verdade que lhes favorece. Daí tentarem reescrever a história passando-se por defensores da democracia, que atuaram contra os governos militares que se instalaram no país depois da queda do ex presidente João Goulart. Seus crimes não são levados em conta. Os meios justificam os fins, é a mensagem que passam.
O cel Ustra publicou vários textos narrando a sua participação no combate aos comunistas. Alguns são libelos contra as autoridades militares que abandonaram os militares que receberam ordens de seus superiores hierárquicos para dar combate a um inimigo que vinha ameaçando a paz no país. Ele expõe a sua atuação nessa repressão, mostrando que agiu com firmeza, mas dentro das normas militares, sem uso da violência, como acusam os seus detratores. O cel Ustra mostra uma preocupação que causa tristeza, pois está desamparado por quem tem a obrigação de honrar as determinações dos seus antecessores. Decepcionado por ver que seus companheiros de farda o tratam com desdém, como se cumprir com o dever fosse um crime.
Os superiores hierárquicos o abandonam neste momento de pressões exercidas pela Comissão Nacional da Verdade e suas filiadas. O Ministério Público Federal, órgão onde elementos mancomunados com os comuno-petistas se arvoram com poderes acima da Lei da Anistia, diz ter achado brecha no estatuto que possibilita levar às barras de um tribunal os agentes do Estado. O cel Ustra percebe que é o agente preferencial da vindita dessas instituições.
Esta semana em audiência, realizada na 9ª. Vara Criminal da Justiça Federal de São Paulo, tentou-se confrontar o cel Ustra com elementos que alegam terem sido presos e confinados no Doi-Codi/SP. O cel 'Ustra alegou problemas de saúde e não participou a audiência'. Esta foi a atitude mais correta que tomou, não atendendo à convocação, como o fez anteriormente, comparecendo frente a membros da CNV.
Acho um despropósito um oficial de patente superior se sujeitar a comparecer a uma audiência de uma comissão, ou à frente de um juiz que se julga superior às leis votadas no Congresso Nacional. Coronéis e, agora, generais, viraram fregueses de carteirinha, comparecendo às convocações para depor perante jovens comissários do povo, intitulados 'consultores técnicos'. Dois generais, Álvaro de Souza Pinheiro e Nilton Cerqueira, depuseram diante de dois jovens militantes da esquerda travestidos de autoridades judiciais. Qualquer indivíduo nomeado 'consultor técnico' interroga um oficial quatro estrelas! No meu tempo de caserna os oficiais se davam valor, eram homens de brio; não agiam como esses oficiais que estão deixando que a velhice destrua os seus neurônios, acovardando-se diante de qualquer merda com diploma comprado em faculdades da periferia.
- Somo doutor, seu capitão.
Os membros da CNV e promotores públicos vêm desmoralizando as FFAA sem que aja qualquer reação. Um dos canalhas que compõem a CNV já declarou na frente do próprio comandante do Exército que obrigaria os convocados a prestar esclarecimentos, nem que fossem conduzidos para depor coercitivamente, tendo realizado convênio com a polícia federal para dar cumprimento à missão. O covardão do general Enzo Martins Peri, depois de afirmar que não se importaria que os 'militares do passado' fossem chamados a depor, ouviu calado e em silêncio permaneceu.
A enxurrada de pressões sobre os agentes do Estado começou com a resposta do ex comandante do Exército, general Francisco Roberto de Albuquerque, que a uma solicitação de esclarecimento feita pelo cel Ustra, ao ser convocado pela primeira vez pelo Mistério Público Federal, disse-lhe: "O Exército não vai fazer nada!"
O cel Ustra anda assustado. Não quer que lhe aconteça a represália que vitimou o cel Molina Dias, chefe do Doi-Codi/RJ. O cel Molina foi emboscado quando chegava em casa e assassinado a tiros. (Elementos estranhos já foram vistos rondando também a sua residência). A Comissão Nacional da Verdade apareceu como por encanto logo após o crime e passou por cima das autoridades policiais do Rio Grande do Sul, onde ocorreu o assassinato, afirmando que teriam sido encontrados na residência da vítima, documentos que comprovavam que o ex deputado federal Rubens Paiva morrera nas dependências do Doi-Codi/RJ.
Sinceramente não vejo diferença entre um oficial carreirista, que nega a existência de um colega de farda, e um militante da luta armada que tem registros de assassinatos, assaltos a bancos e unidades militares, atos terroristas, sequestros de embaixadores e justiçamentos de seus próprios companheiros. Os capitães Luís Carlos Prestes e Carlos Lamarca traíram a instituição militar, mas quando se engajaram na luta armada tinham desertado, não vestiam mais o uniforme verde-oliva.
Os nossos chefes militares renegam seus companheiros de farda, e ainda os entregam em uma bandeja de prata ao inimigo. São uns cooperadores do governante de plantão, e não se intimidam em transformar a Força em uma guarda pretoriana.
Abomino o atual comandante do Exército e seu antecessor. E muitos outros chefes militares que têm comportamentos análogos. Julgo-os covardes, omissos, bajuladores e traidores. Não honram a farda que vestem. Fazem vistas grossas diante das ofensas morais praticadas contra a instituição militar.
O comandante do Exército assinou um acordo que obrigou a Academia Militar das Agulhas Negras - o berço da formação dos homens que integram o oficialato da Força - a descerrar uma placa onde admite que tortura os cadetes durante as instruções.
Mas para que se preocupar com tão pouco, se o que vale para ele é o prêmio que será auferido ao passar para a reserva! Que o diga o general Francisco Roberto de Albuquerque premiado com um pró-labore na administração da Petrobrás pela sua atuação omissa frente aos destinos da Força que comandava. A honra passa ao largo do caráter dos que não têm caráter!
Aconteça o que vier acontecer ao cel Carlos Alberto Brilhante Ustra, seu nome será sempre lembrado nos anais dos heróis brasileiros. A ele e seus companheiros de luta, seremos sempre eternamente gratos.
Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2013.
http://www.jgpimentel.com.br




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