quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

O herói José Genoino

O Brasil não precisa desse tipo de "herói".

O herói José Genoino
Gilberto Fabiano Toscano de Mattos


Promotor de Justiça de Entrância Especial Aposentado


O preso José Genoino, condenado a 06 anos e 11 meses por crime comum, se intitula um perseguido político, quando se trata de um criminoso também comum. Sua conduta atípica do homem de senso comum, reconhecida pelo STF, o responsabilizou penalmente, conduzindo-o à condição de condenado e até que fosse de marginal, porquanto trilhou a margem da lei.
Com arrogância dos prepotentes, Sua Excelência de antes, erguendo o punho cerrado, se proclama um perseguido político. Sua filha o defende e o ergue em pedestal de herói, e não se envergonha dos atos ilícitos praticados pelo pai perante a Nação Brasileira. Mas é filha...
Além de condenado quer ser vítima, quando vítima foi a Nação Brasileira e a ele imputaram-se crimes que resultaram em condenação transitada em julgado.
Na cortina de poucas nuvens surgem indagações diante da injustiça que invoca, ao se dizer inocente e perseguido político.
Como foi o passado do homem íntegro que pretende ser, de caráter nobre enaltecido por terceiros interessados, parentes, amigos, amigo dos amigos e vizinhos?
Como seria nominar os autores dos assaltos ao erário público?
Se o presente lhe fora injusto, o que é inaceitável, inadmissível, o passado lhe execra, pela sua covardia.
"Seu grupo esquartejou um rapaz de 17 anos no Araguaia! Cortaram primeiro uma orelha, na frente da família, no pátio da casa do Antônio Pereira; cortaram a segunda orelha; o rapaz urrava de dor; a mãe desmaiou. Eles continuaram, cortaram os dedos, as mãos e, no final, deram a facada que matou João Pereira, de 17 anos. Pois bem, eles fizeram isso apenas porque o rapaz acompanhou uma patrulha do Exército durante 6 horas, para servir de exemplo aos outros moradores, de forma que não tivessem contato com o pessoal do Exército ou das Forças Armadas". Coronel Lício Augusto Maciel, em discurso na Câmara dos Deputados.
O herói José Genoino do passado nebuloso aos dias atuais, não tem a mesma envergadura da coragem que teve ao torturar João Pereira, de 17 anos.
De lamuria em lamuria, ergue o punho dos insurgentes a procura do lamento popular que não o socorre. Choraminga ao ver a prisão. Tenta passar a imagem de perseguido, de condenado político e inocente. Não conseguiu e passou se amparar na deficiência coronária para se livrar do cárcere.
Reconhecida a deficiência alardeante, passaria à prisão domiciliar...
Um coração lesado, se a tanto, lhe beneficiaria mesmo diante de crimes comuns do Código Penal, praticados contra todos os brasileiros, exceto os que não sentiram o ultraje do apanágio, pela subserviência ao mesmo patrão.
A auto conceituação de vítima - aquele contra quem se pratica um crime - não pode ser invocada, mesmo que defendido por poderosos influentes, políticos de igual quilate e autoridades de passado nebuloso.
Nos jornais de ontem, 05 de dezembro, o irmão de José Genoino, o deputado federal José Guimarães, do PT-CE, líder do partido na Câmara, declarou que o condenado teve "um gesto grandioso" ao renunciar.
É um irmão, mas também um homem público, quem lhe serve de porta voz para glorificar o condenado. E esse homem público nada mais é do que aquele envolvido no episódio dos "dólares na cueca".
Se o fato original fosse uma realidade inquestionável, o arauto da bravata tem em seu currículo o episódio dos US$100 mil dólares escondidos na cueca de seu assessor e R$200 mil em uma bolsa, dando causa para que José Guimarães ficasse conhecido nacionalmente em 2005, o que "contribuiu para a queda de Genoíno, então presidente do PT". – Folha de São Paulo, em 04.10.10, lhe subtrai qualquer autoridade para proclamar o gesto grandioso da renúncia.
No país onde julgadores são vilipendiados e marginais enaltecidos, tudo pode acontecer, menos trazer a baila a ganância dos corruptos que se enriquecem ilicitamente ou patrocinam desvios de recursos públicos. Para esses as cores da sanção penal são singelas e beneficentes, senão privilegiados nos cárceres.
Sua atitude não pode ser interpretada como "um gesto grandioso". Um ato fugidio não tem nenhuma relevância ou pujança, quando se defronta com uma cassação eminente por força da votação aberta, graças ao bom Deus e à movimentação popular.
A essência do gesto parece basear-se na premissa de que "antes um covarde vivo que um herói morto".
Foi, sim, sem dúvida, um ato de covardia diante do que seria o reconhecimento público de sua falta de decoro, de idoneidade para integrar o Parlamento Brasileiro, como covarde fora o ato que praticara contra sua vítima indefesa, o menor João Pereira, torturado e morto.
Esse sim, a verdadeira vítima.
Sua atitude não teve o mínimo resquício de grandeza, mas de covardia seguida de esperteza, conquanto cassado, objetivou a aposentadoria por invalidez.
Quem é capaz de renunciar, pelo medo do enfrentamento até de seus próprios pares, lança por terra todo seu direito de parlamentar, sem aureola de gesto grandioso.
O reconhecimento da aposentadoria, se concedido o benefício, poderá ser revisto pela via da ação civil pública por ato de improbidade, eis que a ilegalidade do ato reconhecido motivou condenação por ato praticado no exercício da função pública - Constituição Federal, art. 37 e legislação infraconstitucional (Lei 8429/92 – Lei de Improbidade Administrativa).
Não tem Sua Excelência de outrora a vitaliciedade, como soe acontecer com membros do Ministério Público e da Magistratura, mesmo que de forma anômala, para os que se enriquecem ilicitamente no exercício do cargo, onde a pena maior é a aposentadoria compulsória.
A esperteza do medíocre é acreditar que todos são neófitos de mente e alma, onde a vítima, manca, tem objetivo de uma aposentadoria por invalidez. O engodo, descoberto, lhe negaram a fictícia invalidez.
O criminoso José Genoino depois de assaltar os cofres da Nação Brasileira, em conluio, ainda quer se locupletar de uma vida mansa, com uma aposentadoria nababesca.
Um herói de passado escuso e presente de criminoso condenado.
Alçou-se com destemor no passado e vestiu no presente o manto sagrado dos homens de bem, mas pego no contra pé os juízes foram contrários ao cordeiro.
Como guerrilheiro se achou redentor do povo brasileiro. Demonstrou como ser covarde com quem não tinha defesa; como perseguido político viu no Parlamento sua imunidade; como acusado proclamou que o momento era de silêncio; exaurida a esperança da impunidade, se tornou cordeiro; condenado, de réu passa a vítima e ergue o braço e fecha o punho.
É o herói massacrado pela arrogância e ambição do político desonesto, pelo que foi condenado. De vítima, volta a ser cordeiro e o punho da arrogância se sucumbe diante de Temis, que o retira do palio dos homens de bem para revelar quem é O herói José Genoino.
As vivandeiras não se aquietam e com verborragia assacam contra Temis.
Desses havemos de manter distância.
Gilberto F. Toscano de Mattos
Membro do Ministério Público,
Aposentado após 36 anos de efetivo exercício no cargo.
Apolítico e antes de tudo um cidadão comum, cansado do vilipendio dos corruptos para com a Nação Brasileira que, na visão do jornalista Guilherme Fiúza, da Revista Época, de 28.11.13 "o dinheiro público tem dono: é do PT".






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