domingo, 26 de julho de 2015

Lava Jato chega ao comando do esquema de corrupção na Petrobrás

Lava Jato chega ao comando do

esquema de corrupção na Petrobrás


Estadão

Redação8 minutos atrás

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Criança símbolo do PAC tem morte suspeita

Na TV, PT tenta mostrar que Brasil melhorou

Por Fausto Macedo, Julia Affonso e Ricardo Brandt, enviado especial a

Curitiba

A condenação de executivos da Camargo Corrêa e a denúncia formal contra os

presidentes e ex-dirigentes das duas maiores empreiteiras do País, Odebrecht e

Andrade Gutierrez, abrem nova fase das investigações da Operação Lava Jato,

que atingirá o PT e o PMDB como líderes do esquema de corrupção em conluio

com o comando do cartel, que fatiava obras da Petrobrás, mediante o pagamento

de propina, desde 2004.

Com a chegada dos primeiros documentos oficiais da Suíça, após acordo de

cooperação internacional entre os dois países, a força-tarefa de procuradores da

Lava Jato acredita ter aberto "uma janela" nas apurações que levarão à

comprovação de uso de contas secretas dos quatro núcleos do esquema:

empresarial, político, de operadores financeiros e de agentes públicos.

Além de chegar às contas secretas das empreiteiras, dos políticos, dos dirigentes

da Petrobrás e dos operadores de propina, os investigadores vão espraiar a

devassa em contratos, antes centrada na estatal, de outras áreas dos governos

Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006 e 2007-2010) e Dilma Rousseff (2011-2014).

 http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/wp-content/uploads/sites/41/2015/07/Den%C3%BAncia_Odebrecht-final-assinada.pdf
VEJA DENÚNCIA DO MPF ENVOLVENDO A ODEBRECHT

 http://politica.estadao.com.br/blogs/fausto-macedo/wp-content/uploads/sites/41/2015/07/Den%C3%BAncia-Andrade-Gutierrez.pdf
VEJA A DENÚNCIA DO MPF ENVOLVENDO A ANDRADE GUTIERREZ

Uma das prioridades é o setor energético e envolve as obras de grandes usinas,

como Belo Monte, no Pará, e Angra 3 - que tiveram investimentos bilionários. As

delações de dois executivos da Camargo Corrêa, que confessaram cartelização e

pagamentos de propina nessas obras, reforçaram as suspeitas levantadas após o

ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa confirmar que o

esquema de propina era generalizado.Primeiro delator da Lava Jato, Costa era

sustentado no cargo por um consórcio entre PP e PMDB, com sustentação de

petista. Ele confessou ter agido em nome desses partidos e atribuiu a maior parte

de sua fortuna oculta na Suíça à Odebrecht.

"Temos elementos para apontar que o esquema de cartel e corrupção foi além da

Petrobrás", afirmou o procurador regional da República Carlos Fernando Lima, um

dos integrantes da força-tarefa da Lava Jato.

Núcleo empresarial. A sentença dos três executivos da Camargo Corrêa, Dalton

dos Santos Avancini (ex-presidente), Eduardo Leite (ex-vice-presidente) e João

Ricardo Auler (ex-presidente do Conselho de Administração), na última semana,

foi a primeira condenação do núcleo empresarial do esquema.

"No período compreendido entre 2004 e 2014, uma grande  organização criminosa

estruturou-se com a finalidade de praticar delitos no seio e em desfavor da

Petrobrás", sustenta o MPF. Um prejuízo de pelo menos R$ 19 bilhões.

Segundo a força-tarefa da Lava Jato, o núcleo empresarial, em conluio com o

núcleo político, detinha o comando do esquema. Por meio dessa união, houve uma

sistematização da corrupção, à partir do maior caixa de investimentos do governo

federal, a Petrobrás, nas demais esferas.Avancini e Leite foram condenados pelo

juiz da 13ª Vara Federal, em Curitiba, Sérgio Moro - que conduz os processos em

primeiro grau da Lava Jato -, a 15 anos e dez meses de reclusão, mas como

fizeram delação premiada foi concedido a eles o direito ao regime de

prisão domiciliar. Auler pegou nove anos e seis meses de reclusão.

Eles foram responsabilizados pelos crimes de corrupção, lavagem de dinheiro

e organização criminosa.Nesta semana, Moro decidirá se leva ao banco dos réus

os presidentes da Odebrecht, Marcelo Bahia Odebrecht, e Andrade Gutierrez,

Otávio Marques Azevedo, e seus executivos, pelos mesmos crimes em que os ex-

dirigentes da Camargo Corrêa foram condenados.Com a possibilidade de abertura

de processo contra executivos das duas maiores empreiteiras do País, a Lava Jato

atingirá, ao mesmo tempo, o topo das pirâmides do núcleo empresarial e político

do esquema.

PT e PMDB. Para o Ministério Público Federal, a primeira condenação

de executivos do cartel da Lava jato referendou a denúncia de que PT e PMDB,

com apoio do PP, dividiam indicações nos cargos estratégicos da Petrobrás, por

meio dos quais arrecadavam de 1% a 3% dos grandes contratos. A estatal já

incluiu em seu balanço os deviso de R$ 6,2 bilhões.Para a força-tarefa da Lava

Jato, o PT teria sistematizado a cobrança de propina em grandes contratos

estatais, estipulando percentuais fixos de cobrança, operadores de corrupção, em

conjunto com o cartel de empreiteiras. O partido tem negado envolvimento em

irregularidades.

No caso do PT, a Lava Jato tem mais do que confissões de delatores para apontar

que recursos desviados de obras da Petrobrás chegaram aos cofres do partido.

Documentos entregues pelo empresário Augusto Ribeiro Mendonça, dono do

grupo Setal, em sua delação deram o caminho do dinheiro que chegou aos cofres

do partido, via ex-tesoureiro João Vaccari Neto.Indicado pelo ex-diretor de

Serviços da Petrobrás Renato Duque - cota do PT, preso desde março -, Vaccari

cuidou do pagamento de R$ 4 milhões para o partido, via doações oficiais ao

partido e anúncios pagos em editora ligada à legenda, indica o MPF.

No caso do PMDB, a peça-chave para os investigadores da Lava Jato é o lobista e

operador de propinas Fernando Antonio Soares Falcão, o Fernando Baiano. Preso

desde dezembro e prestes a ser condenado pelo recebimento de US$ 40 milhões

junto com o ex-diretor de Internacional Nestor Cerveró, Fernando Baiano foi

denunciado nesta sexta-feira como operador de propina da Andrade Gutierrez.

Prova cabal. As quebras dos sigilos bancários de contas mantidas por offshores

na Suíça, enviadas por autoridades daquele país, foram consideradas provas

cabais do envolvimento de executivos da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, bem

como de ex-diretores da Petrobrás indicados pelo PT e PMDB no esquema de

corrupção e lavagem.Os ex-diretores da Petrobrás Renato Duque (Serviço), Nestor

Cerveró e Jorge Luiz Zelada (ambos Internacional) são três dos alvos

dessas apurações. Os três estão presos preventivamente em Curitiba.São novas

contas, entre elas cinco que as autoridades da Suíça enviaram documentos

ligando à subsidiárias da Odebrecht. Outras quatro ligadas a operadores de

propina e outras de ex-diretores da Petrobrás. Há ainda contas do lobista do

PMDB Fernando Baiano.

Duas esferas. Como os processos envolvendo políticos com direito a

foro especial, por prerrogativa de função, são competência exclusiva do Supremo

Tribunal Federal (STF) e do Superior Tribunal de Justiça (STJ), os elos do PT e do

PMDB alvos da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba serão os agentes públicos

sustentados nos cargos pelos partidos e nomes que não ocupam mais cargo

público, como os ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci e até mesmo a ex-

governadora do Maranhão Roseana Sarney.Nos próximos dias, a Procuradoria

Geral da República deve começar a oferecer as primeiras denúncias da Lava Jato

envolvendo políticos. Com o inquérito ainda em fase inicial, um dos principais alvos

é o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que nega

envolvimento no esquema.

Defesas. O PT e o PMDB negam envolvimento com o esquema e sustentam que

as doações aos partidos são legais e foram aprovadas pela Justiça

Eleitoral. Odebrecht e Andrade Gutierrez, por meio de suas defesas, refutam

envolvimento com fraudes, cartel e corrupção.

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