Artigo: 'Portos brasileiros e cubanos'
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Portos brasileiros e cubanos
Não é nenhuma novidade a situação caótica dos portos brasileiros. Temos problemas de ineficiência, excesso de burocracia e falta de infraestrutura, que fazem com que os portos brasileiros se classifiquem entre os piores do mundo. Num ranking feito pelo Fórum Econômico Mundial, o Brasil ocupa a 135ª posição entre 144 países exportadores.
Para termos uma ideia, operar no porto de Suape em Pernambuco, custa cinco vezes mais do que em Cartagena, na Colômbia. Enquanto em Hong Kong uma mercadoria é liberada em apenas um dia, no Brasil pode chegar a 15 dias. O Brasil produz, mas muitas vezes perde toda sua competividade, quando a mercadoria chega aos portos e enfrenta a realidade de um sistema portuário da época do império. O custo para levar 01 tonelada nos portos de Santos ou Paranaguá chega a custar 70% a mais do que nos portos da Argentina e dos Estados Unidos e é comum navios deixarem de atracar nos portos brasileiros devido ao tamanho das filas ou porque estão assoreados e precisam de urgentes obras de dragagem para aumento da profundidade, como o porto de Santos.
Com toda essa realidade que exige investimentos de imediato, vemos o nosso governo investir em sistemas portuários de Cuba. Isso mesmo. A presidenta Dilma esteve este mês de janeiro em Cuba, inaugurando o moderno porto de Mariel, perto de Havana, que foi construído com dinheiro brasileiro do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social. A obra executada pela Odebrecht com financiamento de perto de US$ 800 milhões do BNDES, é o maior investimento em sistemas portuários feitos pelo governo brasileiro, mas, infelizmente, em Cuba e não no Brasil. O porto de Mariel terá uma capacidade 30% maior do que a do porto de Suape, o principal do nordeste brasileiro.
Esse descalabro é obra de Lula, quem deu inicio ao financiamento, continuado e intensificado pelo governo Dilma. Para termos uma ideia, o BNDES já destinou ao porto cubano, três vezes mais do que destinou as melhorias no porto de Suape.
O negócio com a ditadura cubana transcorreu como sendo segredo de Estado e, em 2012, o ministro Fernando Pimentel classificou o assunto como “secreto”, sob a justificativa de proteger “informações estratégicas”, para escapar da Lei da Transparência. Segundo o deputado federal Marcus Pestana, é um absurdo o governo brasileiro investir mais em Cuba do que na rede portuária nacional e existe um alinhamento ideológico do Brasil com governos nos quais predomina o populismo e o autoritarismo,colocando em risco a economia nacional e isolando o Brasil. Já o atual líder do PSDB na Câmara, deputado federal Antônio Imbassahy, declarou que temos que abrir a caixa preta do BNDES e mostrar aos brasileiros os investimentos reais feitos no Brasil e no exterior.
Enquanto isso não acontece, os investimentos vergonhosos na ditadura cubana continuam.
Afinal, Cuba não pode esperar. O Brasil pode.
Célio Pezza
Janeiro, 2014
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