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January 5, 2014 - 04:00
Atividade Delegada em todo o Estado é aposta de Alckmin
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo. Foto: Claudio Vieira
Governador quer expandir o programa, que já está em
operação em São José e Taubaté, para todos os 645 municípios paulistas
para ajudar o governo do Estado a reduzir índices de violência e
criminalidade
Cláudio César de SouzaSão José dos Campos
No último ano de seu mandato, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) aposta na expansão da Atividade Delegada para todos os 645 municípios do Estado como forma de ampliar o combate à violência e à criminalidade.
“Quanto mais os municípios participarem, melhores serão os resultados no combate à criminalidade. É um ganha-ganha. Ganha o policial, porque tem uma melhoria no salário, e ganha a população, porque tem mais polícia na rua, tanto preventiva quanto ostensiva”, disse Alckmin, em entrevista exclusiva ao O VALE concedida em seu gabinete no Palácio dos Bandeirantes.
Ele prometeu encaminhar ainda neste mês à Assembleia Legislativa os projetos que criam o Fundo e a Agência de Desenvolvimento Metropolitano e atualizou os cronogramas de obras da Tamoios e dos hospitais regionais de São José e do Litoral Norte.
O tucano afirmou que o Estado fará projeto com o objetivo de duplicar a rodovia Rio-Santos em toda sua extensão.
Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
Que balanço o senhor faz dos três primeiros anos de mandato?
Temos três boas notícias para a população. A primeira é o saneamento financeiro do Estado. Outra boa notícia é o aumento do investimento. Temos investido em média R$ 20 bilhões por ano em saúde, educação e infraestrutura logística. A terceira boa notícia é o PIB. Há 25 anos, tínhamos PIB praticamente do tamanho da Argentina. Hoje é quase o dobro. O Estado é uma força econômica muito grande, gerando emprego, renda e salários mais altos e melhorando qualidade de vida da população.
Mas os últimos números mostram que São Paulo vem perdendo peso na economia brasileira.
O PIB de São Paulo se mantém estável, em torno de 33% do brasileiro. São Paulo vive bom momento, embora o Brasil tenha crescimento menor. Não vivemos mais a época de 2010, quando o país crescia 7%, 8% ao ano. Estamos crescendo a 2% ou 2,5% ao ano. Mesmo neste cenário, São Paulo tem tido bom desempenho, principalmente no agronegócio, indústria e serviços.
Quais foram as principais conquistas do mandato?
Sempre a qualidade de vida da população. Estamos investindo pela primeira vez nas creches. Será investimento de quase R$ 1 bilhão, ajudando as prefeituras a fazer o programa Creche-Escola. No ensino fundamental, ampliação da escola de tempo integral. No ensino médio, o Vence, e a forte ampliação de Etecs e Fatecs.
De outro lado, saúde. Os indicadores de saúde de São Paulo são os melhores do país. Temos feito ampliação grande. Vamos inaugurar mais um AME no Vale, que já tem unidades em São José dos Campos e Caraguatatuba. Vamos inaugurar agora no começo do ano a unidade de Lorena e vamos fazer o AME de Taubaté. Conversei no último dia 31 com o prefeito Ortiz Junior. Combinamos que ele vai fazer o prédio rapidamente. Vamos fazer também em Taubaté a Rede Lucy Montoro, que já existe em São José dos Campos.
E o hospital de São José?
No dia 3 de fevereiro haverá a abertura do edital da PPP do Hospital Regional de São José. Também já está sendo feito o projeto executivo do Hospital Regional do Litoral Norte, onde vamos construir um prédio na divisa de Caraguatatuba com São Sebastião. Nos dois casos, as obras vão começar neste ano. O de São José queremos acho que é possível começar no primeiro semestre.
Também estamos fortalecendo as santas casas e unidades filantrópicas em todo o Estado. No Vale e Litoral Norte, elas receberão R$ 28,2 milhões a mais já neste ano só para custeio e atendimento da população.
E a questão do saneamento básico no Litoral Norte?
Estamos investindo forte no saneamento básico e teremos boa notícia em termos de despoluição do rio Paraíba. Nossa proposta é 2014 universalizar o saneamento no interior, em 2016 no litoral e em 2019 na Região Metropolitana de São Paulo.
A RMVale lidera há pelo menos três anos a violência no interior do Estado. Como mudar este cenário?
Segurança é uma tarefa sempre desafiadora, mas estamos trabalhando full time. Tivemos um momento mais difícil em 2012 com aumento de homicídios, mas no ano passado já houve queda. O Vale do Paraíba lidera esta redução e a melhora dos indicadores de criminalidade, principalmente de homicídio.
Os índices de criminalidade estão caindo e acredito que vai melhorar ainda mais. Claro que o Vale está numa região entre São Paulo e Rio de Janeiro. Muito rica, muita industrializada, com acesso fácil para Minas, São Paulo, Rio, porto e principalmente o litoral, que é a região do Estado que mais cresce. Então, é região sempre agitada. Mas eu acredito que com o trabalho que está sendo feito vai melhorar ainda mais.
O Gabinete de Segurança da RMVale tem ajudado?
O Gabinete de Segurança Metropolitano é extremamente importante, porque poderemos ter na região toda câmeras de vídeo nas entradas e saídas das cidades. Você tem tudo monitorado, o que evitam os crimes e também ajudam a esclarecer os crimes. Precisamos trazer os municípios para este esforço de segurança. Por isto estou feliz com Atividade Delegada. Assinamos em São José e Taubaté e queremos expandir a Atividade Delegada para todos municípios de São Paulo. Porque quanto mais os municípios participarem, melhores serão os resultados.
Até em municípios pequenos o senhor acredita que é possível implantar a Atividade Delegada?
Claro. Não tem tamanho. Nós temos Atividade Delegada em São Paulo, com 11 milhões de habitantes, e também em Anhembi, com 6.000 moradores. Porque é um ganha-ganha. Ganha o policial, porque tem uma melhoria no salário, e ganha a população, porque tem mais polícia na rua, tanto preventiva quanto ostensiva. Queremos expandir a Atividade Delegada o mais rápido possível. Temos assinado convênios com as cidades todos os dias. Estamos fazendo um trabalho diário no sentido de conquistar mais prefeituras para o programa Atividade Delegada. Isto pode ajudar muito.
O PSDB governa São Paulo há 20 anos e há críticas de desgaste. Como o governo do senhor tem inovado?
Estamos inovando todo dia. Nesta semana foi assinada a lei sobre desmanche, que é inédita no país. Então, a maioria dos avanços em termos de gestão São Paulo faz e depois os outros estados vêm atrás. Isto é permanente. As primeiras PPPs do país de metrô, de saneamento básico e de hospitais foram feitas em São Paulo. Concessão de rodovias, as primeiras foram em São Paulo. Implantamos a política de bonificação na segurança. Não é a primeira, mas é uma das primeiras. A Atividade Delegada, também pioneira. Então, as inovações são permanentes.
O que fizemos lá atrás foi um ajuste fiscal grande. Agora, é o ajuste fino, que é permanente. Na última quinta-feira, que foi o primeiro dia útil do ano, já comecei apertando todas as torneiras. Estamos fazendo um trabalho de combate ao desperdício, para reduzir gastos com telefone, energia elétrica, combustível e redução de frota.
Qual a prioridade deste ano, o último do mandato?
Não existe uma prioridade. Não tem bala de prata. O foco é melhorar a qualidade de vida da população. É São Paulo ser o estado que melhora a qualidade de vida, com emprego, desenvolvimento, infraestrutura, logística, educação e saúde. Então, é um conjunto.
Em termos de logística, nós temos uma obra de importância para todo o Brasil que é a Tamoios. Vi agora com satisfação no dia 2, nos jornais e sites, a Tamoios com diferença brutal porque já está em pista dupla. Falta o encaixe da serrinha, que vamos entregar agora no dia 15 de janeiro. O prazo contratual de duplicação do planalto já era 15 de janeiro. Nós tentamos antecipar e conseguimos, já que antes do Natal já estava em pista dupla. Só falta o encaixe da serrinha.
Quais as outras obras viárias que o senhor destaca?
Também estamos com o grande contorno de Caraguá. Também vamos fazer um projeto para duplicar toda a Rio-Santos. A duplicação da serra da Tamoios esperamos que comece neste primeiro semestre. Já demos ordem de serviço para começar o prolongamento da Carvalho Pinto até a rodovia Oswaldo Cruz. Terá que ser feita também a ampliação até Lorena, para encaixar com o sul de Minas Gerais.
Por que demorou 20 anos para começar a duplicação da Tamoios?
Porque precisa de recurso. Não é obra barata. O governo, para duplicar estrada como esta, tem necessidade de recurso financeiro. Como o VDM (número de veículos) não era alto, tivemos que fazer com dinheiro público. Porque se você faz uma concessão ela não se sustenta porque você não tem tráfego constante.
O nosso grande sonho é o trem. Porque há 14 anos o número de veículos no Estado de São Paulo era de 12 milhões. Hoje, são 25 milhões de veículos. Por mais estrada que faça, sempre haverá problema em momentos de grande afluxo. Temos que pensar no transporte de alta capacidade e qualidade. O Trem Intercidades será o trem da macrometrópole. Que vai unir a RM de Campinas, com a região de Sorocaba, com a Baixada Santista, com a RMVale. Aqui, você tem 2/3 da população de São Paulo. Objetivo é ter estações em São José, Taubaté e Pindamonhangaba. Estamos acelerando para lançar a PPP ainda este ano. Será feito em etapas e estamos discutindo, mas a primeira deve ser a de Campinas devido a Viracopos.
Dois anos após ser criada, a RMVale ainda não tem Agência de Desenvolvimento nem Fundo. Por que está demorando tanto?
Terá tanto o Fundo como a Agência já nos primeiros meses deste ano. Na realidade, o Fundo Metropolitano não tem significado muito grande. Porque o valor não é significativo. Por exemplo, o Fundo da RM de Campinas é de R$ 5 milhões. Só a duplicação do planalto da Tamoios foi quase R$ 1,5 bilhão. Mas a lógica da RM é a sinergia. Pensar não apenas uma cidade, mas toda uma região. Então, neste sentido a RMVale foi um grande passo.
Acho que vamos ter dois benefícios mais imediatos. Um de transporte no momento em que a EMTU faria sinergia de transporte intermunicipal. Inclusive vamos licitar de novo para melhorar a qualidade do serviço. O outro benefício é a eliminação dos interurbanos. Isto depende da Anatel e temos cobrado para ser agilizado. Os projetos que criam a Agência e o Fundo serão enviados para a Assembleia Legislativa agora em janeiro. Quando os deputados voltarem do recesso em fevereiro, já poderão ser votados.
No caso do Fundo Metropolitano, o da RMVale não foi previsto no orçamento de 2014, ao contrário das outras RMs.
Não, porque o valor é pequeno. Podemos suplementar a qualquer momento.
A GM de São José dos Campos já demitiu 1.053 funcionários. Como o Estado pretende atuar para ajudar nesta questão?
Vou falar pessoalmente com Luiz Moan [diretor de Relações Institucionais da GM]. O caminho para preservar os empregos são novas linhas de automóveis na fábrica da GM de São José. Podemos ajudar através do Pró-Veículo, com uma série de incentivos.
O senhor pretende fazer reforma administrativa?
Sim. Quem quiser ser candidato tem que sair até o fim de março. Além de substituir os possíveis candidatos, estamos estudando caso a caso para fazer algumas mudanças. E não vamos fazer nenhuma alteração de rota em razão de eleição. Temos que fazer um bom trabalho permanente.
Foto: Claudio Vieira
A carreira política Alckmin
Vereador
Geraldo Alckmin entrou para a política por acaso. Em 1972, quando cursava o primeiro ano na Faculdade de Medicina de Taubaté, aceitou ser candidato a vereador em Pinda após um colega recusar. Acabou eleito
Prefeito
Após ser vereador de 1973 a 76 e presidir a Câmara, foi eleito prefeito em Pinda em 1977, aos 25 anos. Na época, estava concluindo o curso de medicina. Administrou a cidade até 1982 com perfil combativo
Deputado estadual
Em 1982, foi eleito deputado estadual com 96.232 votos pelo PMDB. Durante os quatro anos de mandato (1983-86), destacou-se pelo trabalho conjunto com os prefeitos do Vale do Paraíba e Litoral Norte
Deputado federal
Sempre emendando um mandato no outro, Alckmin foi eleito deputado constituinte em 1986, ainda pelo PMDB. Em 1988, foi um dos fundadores do PSDB ao lado de Mário Covas. Foi reeleito em 1990
Vice-governador
Em 1994, Mário Covas foi eleito governador de São Paulo. Ele escolheu Alckmin como vice, impressionado com a capacidade de trabalho do colega, que havia alavancado diretórios do PSDB no interior
De novo com Covas
Em 1998, Mário Covas e Geraldo Alckmin foram reeleitos para mandato até 2002 no Palácio dos Bandeirantes. Na ocasião, Alckmin exercia papéis estratégicos no governo
Governador
Em março de 2001, Mário Covas morreu de câncer e Alckmin assumiu o governo de São Paulo com a responsabilidade de dar continuidade à gestão do político que sempre apontou como referência
Reeleição
Em 2012, Geraldo Alckmin foi reeleito governador de São Paulo. Com 12.008.819 votos (58,64% dos válidos), venceu a disputa no segundo turno contra o então deputado federal José Genoino (PT)
Presidência
No início de abril de 2006, desincompatibilizou-se do cargo para disputar a presidência da República. Conseguiu levar a disputa com Lula para o segundo turno, mas acabou sendo derrotado
Prefeitura de S. Paulo
Alckmin tentou ser prefeito de São Paulo em duas ocasiões. Em 2000, foi derrotado por Marta Suplicy (PT). Já em 2008, o tucano ficou em terceiro lugar --Marta e Gilberto Kassab disputaram o segundo turno
Volta ao Palácio
Em eleição emocionante e tensa, venceu a disputa pelo Palácio dos Bandeirantes no primeiro turno com 11.519.314 votos (50,63% dos válidos). Aloizio Mercadante (PT) obteve 8.016.866 adesões (35,23%)
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Comentado por Emerson, 05/01/2014 21:03
Comentado por CASANOVA, 05/01/2014 17:21
Comentado por CASANOVA, 05/01/2014 17:09
Comentado por Carlos, 05/01/2014 12:02
Comentado por Thereza, 05/01/2014 11:57
Comentado por Jeferson, 05/01/2014 05:47
Comentado por Jeferson, 05/01/2014 05:45