domingo, 19 de janeiro de 2014

Homenagem a meus amigos policiais.



Luiz Eduardo Soares tem um extenso currículo que o credencia a opinar sobre segurança pública. 
Escreve a respeito do tema porque vivencia a realidade de perto. 
Os próprios filmes Tropa de Elite 1 e 2, que 'vieram de sua mente', são a prova de que a riqueza de detalhes neles publicadas não são obra do acaso.
Num de seus artigos, intitulado "Homenagem a meus amigos policiais", Luiz Eduardo fala sobre a polêmica PEC 51, defende mais autonomia às polícias e prevê mudanças profundas no sistema de segurança pública do país.
Militando pela democratização da segurança pública, como condição para a democratização da democracia no Brasil, sempre sonhei com o dia em que essa bandeira seria dos policiais, dos que estão nas ruas carregando o piano, prevenindo, investigando, mediando, evitando a judicialização precoce, garantindo direitos, impedindo sua violação com equidade, tornando prática concreta a ideia de que justiça tem de valer para todos, sem distinções, sem racismo, tornando real o valor da universalidade do bem público: segurança. 
Pois aí está.  
O sonho começa a se realizar. 
Os policiais pela democracia, os policiais e as policiais pela desmilitarização, os policiais como protagonistas da luta pelo ciclo completo e a carreira única, e tantas outras mudanças inadiáveis. 
Basta de criminalizar a pobreza e os movimentos sociais. 
Chega de prender jovens negros e pobres. 
Chega de condenar uma instituição com milhares de profissionais a um regime disciplinar inconstitucional, proibindo-a de investigar, obrigando-a a confundir eficiência com encarceramento por flagrante, aplicando seletivamente as leis, escolhendo os jovens vulneráveis em territórios estigmatizados. 
Os policiais começam a assumir seu lugar na história do país, mobilizando-se pela refundação das polícias, pela transformação profunda da arquiettura institucional da segurança pública, perverso legado da ditadura plantado no coração da Constituição cidadã. 
Os e as policiais saem do armário empoeirado da ditadura para se manifestar, organizar-se em sindicatos, fazer-se ouvir. 
Querem mais responsabilidade, autonomia e respeito para respeitar e honrar suas responsabilidades. 
Não querem ser apenas robôs que cumprem ordens do comando. 
Desejam pensar e ser valorizados, inclusive por salários dignos. 
Não querem mais matar seus irmãos nas favelas e periferias para atender ordens de governantes comprometidos com a reprodução das desigualdades sociais. 
Não querem ser instrumentos do genocídio fratricida. 
Exigem seus direitos e pretendem superar o preconceito absurdo de suas categorias profissionais contra os princípios que expressam os valores mais próximos a suas raízes e seus interesses: os direitos humanos. 
Por tudo isso, os policiais saem das tocas, dos batalhões, das delegacias, saem da velha ordem ditatorial mal camuflada pela retórica dos bacharéis e pelas surradas hierarquias, ganham as ruas, as redes sociais, se juntam ao Brasil que protesta e erguem bem alto a bandeira da PEC-51 –a PEC da paz, como eles mesmos a chamam. 
Bem vindos ao sol do novo mundo, parceiros de travessia.

Paraibaemqap/Luís Eduardo Soares

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