sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Operação policial da PC causa polêmica


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014 - 11h28 Atualizado em sexta-feira, 24 de janeiro de 2014 - 12h53

Promotor: ex-dependentes foram atingidos

Roberto Porto relata ter notado agentes do Denarc com armas de bala de borracha
Ação na Cracolândia aconteceu na tarde de ontem / Raquel Cunha/FolhapressAção na Cracolândia aconteceu na tarde de ontemRaquel Cunha/Folhapress
Da Rádio Bandeirantes noticias@band.com.br

Participantes da operação da prefeitura paulista "Braços Abertos", que dá trabalho a usuários de drogas, foram atingidos por tiros de bala de borracha, denuncia, em entrevista à Rádio Bandeirantes, o secretário municipal de Segurança Urbana, promotor Roberto Porto. Ontem, uma operação do Denarc (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico) causou tumulto na região da Cracolândia, centro de São Paulo. "Vi policiais do Denarc com a arma que dispara bala de borracha. Tenho relato de pessoas no programa que foram atingidas por bala de borracha. Que eu vi essa arma, eu vi".

 

Segundo o promotor, a operação não foi comunicada. "Conversei com integrantes da PM [Polícia Militar], que demonstraram desconhecimento. Uma operação desse porte e com essa magnitude [é importante] as pessoasserem comunicadas", diz. 

 

Porto lembra que a ação de combate ao tráfico tem acontecido regularmente na Cracolândia. "Prisão de traficantes é necessária e vinha sendo feito. A PM tem prendido três por dia nesse local sem nenhum problema. E em nenhum momento a PM colocou em risco o trabalho feito", aponta o promotor. "Mas o que não se pode aceitar é uma ação como a do Denarc. Mais parecia um revide e um excesso que colocou em risco a integridade de pessoas que passavam pelo local e não tinham nada a ver com a situação. Temos hoje, naquela região, um ambiente pacífico. O excesso tem que ser debatido para não acontecer mais".

 

A diretora do Denarc, Elaine Biasoli, disse que a ação na Cracolândia foi de rotina. Policiais, em viaturas descaracterizas, foram verificar uma denúncia de tráfico na região. De acordo com Elaine, por causa da ação, eles foram atacados por cerca de 20 pessoas que estavam no local e pediram reforço. "Eles foram fazer um levantamento e se depararam com uma pessoa traficando. Como é que vai fazer, vai comunicar na hora?", questiona.

 

"O crime é dinâmico, o trafico é dinâmico", obseva Elaine, em entrevista à Rádio Bandeirantes. "Ali é uma comunidade que se instalou entre dependentes e traficantes. Tem que tirar o traficante da rua. Não estou entrando no fator social. Meu problema é o policial, independente de Cracolândia".

 

Na ação de ontem, foram presos três traficantes, segundo a diretora. Desde que ela assumiu a função, em novembro, 65 perderam a liberdade. "O Denarc vai se empenhar para tirar o traficante da rua. Onde houver denúncia de tráfico, vou em cima".

 

Lamento

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, lamentou a operação surpresa da Polícia Civil realizada nesta quinta-feira na cracolândia. Ele condenou a abordagem dos agentes, que entraram em confronto com os usuários e atiraram balas de borracha contra a população. 

Além dos usuários de droga, assistentes sociais e até o secretário de Segurança Urbana, Roberto Porto, foram vítimas de balas de borracha e bombas de efeito moral usadas na ação. Segundo Fernando Haddad, tanto a Prefeitura quando a PM não foram avisadas. 

Indignado com o trabalho do Denarc, ele reafirmou o compromisso com o programa, iniciado na semana passada. 

O caso 
A operação aconteceu por volta das 14h30 entre as avenidas Rio Branco e Barão de Piracicaba. Um rapaz teria sido detido pelos agentes, o que motivou a população a ameaçar a polícia com pedras. Logo depois, os agentes começaram a disparar balas de borracha e bombas de gás lacrimogêneo para dispersar os usuários de drogas.


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