Curso para oficial da PM de SP reduz aula de direito e inclui orientação sexual
Ao reduzir de quatro para três anos o tempo de formação dos oficiais da Polícia Militar no Estado de São Paulo, o comando da instituição fez uma série de mudanças que inclui a diminuição das horas/aula de direito e de defesa pessoal e a inclusão de disciplinas complementares, como orientação moral, religiosa, financeira e sexual.
Como a Folha revelou, a diminuição da carga horária dos futuros oficiais está dentro de um pacote do governo que tem como objetivo reduzir os indicadores criminais, que estão em alta.
O impacto que o aumento dos crimes pode ter nas eleições do ano que vem é motivo de preocupação no governo Geraldo Alckmin (PSDB).
No caso específico dos PMs, a ideia do governo é colocar um número maior de homens no patrulhamento das ruas o quanto antes.
Por ano, são formados cerca de 200 oficiais, responsáveis por chefiar as equipes.
ENSINO
Por isso, a grade curricular foi enxugada em 11,3%. Agora, os estudantes terão 5.420 horas/aula. As mudanças já passam a valer para as turmas que estão hoje na Academia do Barro Branco.
Alguns especialistas --como os sociólogos José dos Reis Santos Filho (Unesp) e Ignacio Cano (Uerj)-- criticaram a mudança.
Ambos dizem que essa redução pode afetar a qualidade do ensino para oficiais.
O comandante-geral da PM, Benedito Meira, afirmou, porém, que a qualificação do policial não será afetada com a mudança curricular.
"Reduzimos as aulas de direito porque não precisamos formar um bacharel em direito, mas um bacharel em ciências policiais. Ele não precisa ser um especialista em direito civil, por exemplo. Basta ter uma noção", afirmou.
ATUALIZAÇÃO
Segundo o comandante, a alteração curricular é necessária para adequar a formação do policial à atualidade.
"Quando me formei, vivíamos o fim da ditadura militar. Tive a disciplina de combate à guerrilha. Agora, ela não é necessária. Hoje temos atividades como a orientação religiosa e sexual", afirmou.
De acordo com Meira, essa disciplina implantada na nova grade tem como objetivo ensinar os futuros oficiais a lidar com cidadãos de orientações diferentes das suas, assim como a agir em grandes eventos, como Parada Gay ou Marcha para Jesus.
Ontem, Meira também confirmou que 12 companhias da PM foram fechadas na capital. Com isso, 182 policiais da atividade administrativa foram transferidos para o serviço operacional.
Folha de São Paulo
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