quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

General censura política das UPPs no Rio


07/09/2011
 às 18:41 \ Política & Cia

General aponta falhas e faz crítica duríssima à política de “pacificação” de favelas dominadas por bandidos no Rio


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Policiais militares observam morro "pacificado" da Tijuca (Foto: Agência Estado)
Um amigo do blog enviou o texto de crítica duríssima à forma como a administração do governador Sérgio Cabral (PMDB) vem conduzindo a política de “pacificação” de morros e comunidades dominadas por criminosos no Rio de Janeiro que, como se sabe, conta com o apoio do Exército. O autor é o general-de-brigada da reserva do Exército Paulo Chagas.
Publico a crítica do general como contribuição ao debate sobre a política de seguraça pública no Rio de Janeiro.
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Segundo Carl Von Clausewitz: “A guerra é a continuação da política por outros meios”. Isto é, a guerra é fruto de decisões e de ações essencialmente políticas. Nenhuma guerra pode ser vencida sem a definição precisa dos seus objetivos e dos meios disponíveis para fazê-la. Muito menos sem a coragem e a determinação para¸ dentro dos limites da necessidade, empregar a força, em todas as suas gradações.
O estado de paz, antítese do estado de guerra, pode ser obtido pela prevenção, ou dissuasão, ou pela destruição física do inimigo quando este não puder ser desarmado e submetido à vontade do vencedor, em vez de ser morto.
O que tem ocorrido no Rio de Janeiro, com relação à Segurança Pública, a partir da adoção de uma estratégia “pacificadora”, por parte do governo do Estado, é a constatação ou a admissão da existência de um estado de guerra, já que a paz é a antítese da guerra! Ou seja, se buscamos a paz é por que estamos em guerra!
Se é um estado de guerra, há que se identificar com clareza e precisão os objetivos a serem conquistados e os meios a serem empregados para fazê-lo, aí incluídos os equipamentos e as estratégias convenientes para vencer e estabelecer a paz em bases definitivas e claramente dominadas pelo vencedor.
O que se tem visto é a negociação de um “clima de paz” em bases frágeis de garantias dissuasórias, isto é, em inferioridade de condições em relação ao inimigo, ou ainda, na condição de derrotados, ou, pior, nas condições estabelecidas, de forma indireta, pelos “derrotados”, por intermédio de seus aliados no poder político do Estado!
Para negociar a paz, ou “pacificar” em bases sólidas, definitivas, é preciso, antes de mais nada, subjugar, derrotar e, se necessário, destruir o inimigo e destituir do poder todos os seus aliados, aí incluídos os dirigentes políticos, covardes, enganadores e oportunistas que, mais cedo ou mais tarde, criarão condições para desmoralizar ou corromper as forças vitoriosas!
Se fazer a guerra é uma decisão e uma ação essencialmente política e considerando apenas a natureza hipócrita, interesseira e covarde dos políticos brasileiros, esta guerra está perdida! A ação da polícia e do Exército no Rio de Janeiro não é “pacificadora”, porquanto não consegue impor-se aos bandidos, e sim “negociadora”, porque terá sempre que ceder algo antes de obter, em parte, o que precisa conquistar!
Enquanto esta guerra não for tratada como guerra, não haverá a paz que queremos, ou pior, continuaremos a negociar sob as condições do inimigo e acabaremos por ser definitivamente derrotados!
Enquanto imperar o desinteresse ou o medo de assumir a responsabilidade “politicamente incorreta” pelos efeitos colaterais da guerra, não haverá paz.
Enquanto formadores de opinião, certos professores, dirigentes políticos, ONG “da paz” e outros tantos oportunistas comprometidos com o crime, traidores, malfeitores, hipócritas, covardes ou inocentes úteis continuarem a condenar quem “atirou um pau no gato” ou quem não apartou a briga do “cravo com a rosa”, não haverá a paz!
O que impera no Rio de Janeiro, sem sombra de dúvidas, é a desmoralização da lei e da ordem pela covardia de uns e pela conivência de outros! Os filmes da série Tropa de Elite, orientados pela realidade e por quem de fato a conhece e que com ela não é nem foi conivente, já desvendaram as causas e mostraram os caminhos imediatos para chegar-se às condições favoráveis à negociação da paz pela rendição incondicional ou pela destruição do inimigo! Qualquer coisa diferente disso é enganação, politicagem, medo e hipocrisia, não é solução!
Como sempre, torço para estar enganado a respeito desse assunto.
(Não deixe de ler reportagem em que o comandante militar do Leste expõe problemas da ocupação e falhas da polícia no Complexo do Alemão.)

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