terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

telejornal da Band defendeu a tática black bloc, que é a de quebrar tudo



O dia em que o apresentador de um telejornal da Band defendeu a tática black bloc, que é a de quebrar tudo

Já escrevi a respeito e volto ao tema porque, até onde sei, o jornalista em questão não se desculpou. Há pouco mais de um ano e meio, o jornalista Ricardo Boechat, que apresenta o “Jornal da Band” desde 2006, concedeu uma entrevista a um site chamado “Pato com Laranja”. Não sabia da sua existência. Alguns leitores mandaram o link, e, claro!, nestes dias, o vídeo está sendo visto como nunca. É bastante impressionante mesmo. Transcrevo trecho do que ele diz:
“(…) Essa realidade vai mudar (…) se a população atacar, partir pro contra-ataque. Eu sou favorável a arranhar carro de autoridade, eu sou favorável a jogar ovo, eu sou favorável a revolta, a quebra-quebra, o c..lho. ‘Ah, isso é vandalismo!’ Vandalismo é o cacete! Vandalismo é botar as pessoas quatro horas na fila das barcas todo dia (…) Vandalismo é tu roubar feito um condenado o dinheiro público (…).”
O vídeo está aqui.

 Volto em seguida.
Voltei
O que vocês querem que eu diga?
Um ano e oito meses depois, os métodos preconizados por Boechat estão nas ruas. Ele estava, então, segundo diz, com 60 anos. Não se tratava de um rompante juvenil. Não vi e não verei como ele está noticiando no jornal que ancora os eventos que estão aí . Não vi e não verei como ele noticiou a morte de Santiago Andrade.
Um leitor ou outro enviaram o link para a área de comentários deste blog na linha “é isso mesmo! Que cara corajoso!” Não serão publicados! O nome disso não é coragem. Boechat não foi visto depredando nada por aí. Deve achar, suponho, que isso é uma tarefa dos oprimidos, das pessoas que passam pelos perrengues que ele descreve. Defender a violência quando só os outros — depredadores e policiais, que também são pobres — correm riscos é a expressão mais acabada da covardia.
Em qualquer país do mundo em que práticas assim se generalizam, o que se tem é morte em penca. Porque isso não é política, mas a guerra de todos contra todos. Ele já me atacou uma vez de forma boçal porque afirmei que Niemeyer era metade gênio e metade idiota. Respondi. À época, boa parte da esquerda xucra reproduziu o ataque que ele dirigiu contra mim.
É espantoso que, sendo uma figura pública, tenha concedido essa entrevista. Se, depois, se retratou, ignoro. Mas sempre é tempo. Se não o fizer, é sinal de que continua a achar que é por aí que se muda o Brasil.
A prática que ele exaltou resultou na morte de Santiago Andrade, da Band, a emissora que apresenta o jornal que ele ancora. Peço um favor: essa história já tem irracionalidade demais. Nos comentários, torçam apenas para que ele tenha recobrado a razão.

Por Reinaldo Azevedo

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