quarta-feira, 6 de julho de 2016

presidente licenciado da Eletronuclear preso na Lava-Jato

Operação Radioatividade

Saiba quem é o presidente licenciado da Eletronuclear preso na Lava-Jato

No comando da empresa desde 2005, o engenheiro Othon Luiz Pinheiro da Silva tem atuação destacada na comunidade científica

28/07/2015 - 13h16min | Atualizada em 28/07/2015 - 13h17min
Saiba quem é o presidente licenciado da Eletronuclear preso na Lava-Jato Antonio Cruz/ABr/Divulgação
Engenheiro naval pela Escola Politécnica de São Paulo, formado em 1966, Othon é tido como uma referência em estudos sobre o uso de combustíveis nuclearFoto: Antonio Cruz/ABr / Divulgação
Preso na manhã desta terça-feira na 16ª fase da Operação Lava-Jato, acusado de ter recebido R$ 4,5 milhões de propina de empreiteiras, o presidente licenciado da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva, tem atuação destacada na comunidade científica. Engenheiro naval pela Escola Politécnica de São Paulo, formado em 1966, Othon é tido como uma referência em estudos sobre o uso de combustíveis nuclear.
Othon é autor de um projeto de criação de centrífugas usadas no enriquecimento de urânio para propulsão nuclear em submarinos. Em 1994, chegou a receber do então presidente da República Itamar Franco a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, por conta de suas colaborações à ciência e à tecnologia.
O engenheiro estava no comando da Eletronuclear desde 2005, até que se licenciou do cargo em abril deste ano, a partir de apurações de denúncias envolvendo contratos firmados na construção da usina de Angra 3.
Ele se especializou em engenharia nuclear no Massachussetts Institute of Technology (MIT), em 1978. Foi diretor de pesquisas de reatores do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen) entre 1982 e 1984, além de fundador e responsável pelo Programa de Desenvolvimento do Ciclo do Combustível Nuclear e da Propulsão Nuclear para Submarinos entre 1979 e 1994.
Othon ainda atuou como diretor da Coordenadoria de Projetos Especiais da Marinha (Copesp), atual Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP), de 1986 a 1994. Na Marinha, chegou ao posto de vice-almirante.
Paralelamente à presidência da Eletronuclear, era dono da empresa Aratec Engenharia. Sua empresa é investigada por ter recebido "pagamentos vultuosos" de outras companhias que compõem o consórcio que atua nas obras de Angra 3, o consórcio Angramon.
Os pagamentos, que teriam sido feitos pelas empreiteiras Andrade Gutierrez e Engevix, ambas com contratos com a Eletronuclear, ocorreriam por meio de empresas intermediárias: CG Consultoria, JNobre Engenharia, Link Projetos e Participações Ltda., e a Deutschebras Comercial e Engenharia Ltda., "algumas com características de serem de fachada", segundo a PF.
O despacho que autorizou a prisão temporária de Othon, assinado pelo juiz Sérgio Moro, informa que, "embora os pagamentos das empreiteiras à Aratec possam eventualmente ter causa lícita, pela prestação de serviços reais de assessoria ou consultoria ou por eventuais direitos de patentes, pelo menos considerando as conhecidas qualificações técnicas de Othon Luiz, há aqui um possível conflito de interesses que coloca em suspeita esses pagamentos".
No mesmo documento, Moro ponderou que "não passa sem atenção o fato de Othon Luiz ser militar da reserva". "Apesar do prestígio das Forças Armadas, o fato é que as provas indicam possíveis crimes de corrupção em tempo muito posterior à passagem dele para reserva e no exercício de atividade meramente civil. Então a investigação não tem qualquer relação com atividade militar, não sendo os fatos em apuração crimes militares nos termos do art. 9º do Código Penal Militar."
A construção de Angra 3 já custou R$ 1 bilhão aos cofres públicos apenas em serviços de manutenção, sem nunca ter entregue energia. O valor total da obra, antes estimado em R$ 9,6 bilhões, já ultrapassa R$ 16 bilhões.
Pripyat

PF cumpre mandados no RS e no RJ por irregularidades na Eletrobras

Operação Pripyat é um desdobramento da 16ª fase da Lava-Jato, deflagrada em julho de ano passado

Por: Zero Hora
06/07/2016 - 06h41min | Atualizada em 06/07/2016 - 09h40min
PF cumpre mandados no RS e no RJ por irregularidades na Eletrobras Reprodução / Polícia Federal/Polícia Federal
Mais de 130 agentes cumpriram mandados no Rio e em Porto AlegreFoto: Reprodução / Polícia Federal / Polícia Federal
A Polícia Federal cumpre, desde o início da manhã desta quarta-feira, nove mandados de prisão em Porto Alegre e no Rio de Janeiro. Desdobramento da Lava-Jato, a Operação Pripyat tem o objetivo de desarticular uma organização criminosa que atuava na Eletronuclear. Até as 8h30min, três pessoas haviam sido detidas, entre elas, o principal alvo da ação, o ex-presidente da Eletronuclear Othon Luiz Pinheiro da Silva, que já está em prisão domiciliar.
Em Porto Alegre, o gaúcho Valter Luiz Cardeal, que foi diretor de Geração da Eletrobras, foi alvo de condução coercitiva.
Segundo a PF, seis funcionários da empresa, que integravam o núcleo operacional das fraudes, tiveram a prisão preventiva decretada e o atual presidente, Pedro Diniz de Figueiredo, foi afastado por ordem judicial. Ele não foi detido, mas está sendo investigado.
Além dos seis mandados de prisão preventiva (sem prazo) e três de prisão temporária (prazo de cinco dias), os 130 agentes cumprem nove de condução coercitiva (quando a pessoa é levada para prestar depoimento) e 26 mandados de busca e apreensão, todos expedidos pela 7º Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro. 
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As investigações da PF apontam que "um clube de empreiteiras atuava para desviar recursos da Eletronuclear, principalmente os destinados às obras da Usina Nuclear de Angra 3". 
A Pripyat apura os crimes de corrupção, peculato, organização criminosa e lavagem de dinheiro. O nome da operação refere-se à cidade ucraniana que se tornou uma espécie de "cidade fantasma" após o acidente nuclear em Chernobyl.
A ação da Eletronuclear foi desmembrada da Lava-Jato e é resultado da 16ª fase da operação, chamada Radioatividade, deflagrada em julho do ano passado. A investigação foi enviada à Justiça Federal do Estado do Rio por decisão do ministro Teori Zavascki, relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). A Eletrobras participa como assistente de acusação no processo.
Os 14 réus do processo foram ouvidos ao longo de abril, entre eles Othon Luiz Pinheiro da Silva. Ele foi afastado da empresa em abril. Pinheiro da Silva estava preso em um quartel do Exército, em Curitiba, e, em novembro, foi transferido para o 1º Distrito Naval, no Rio de Janeiro. Atualmente, está em prisão domiciliar.
Em depoimento, o ex-executivo admitiu que usou contratos de fachada para receber dinheiro da construtora Andrade Gutierrez quando já presidia a Eletronuclear. Negou que fosse propina.


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