Data: 4 de julho de 2013 23:24
COMO FOI CONSTRUÍDO O DISCURSO DE DILMA ROUSSEFF?
Não tenho absolutamente nada de pessoal contra a figura da presidente Dilma Rousseff. Reconheço o fundamental papel histórico e social da presidente como a primeira mulher a ocupar a presidência da República no Brasil. Quem me conhece sabe que sempre torci para que ela fizesse um ótimo governo. Mas ao aceitar o papel de fantoche do ex-presidente Lula, que prometeu não interferir nos destinos da nação, a ponto de, por exemplo, não poder sequer demitir seu ministro da Fazenda, em cuja política ela mesmo não acredita, e com quem não se dá bem, mas é obrigada pelo "chefe" a angulí-lo, Dilma nos dá o exemplo da anti-democracia.
Mas ontem, ocorreu um ponto de ruptura definitivo para mim em relação à presidente: ela mentiu! Mentiu para mim e para todos os cidadãos brasileiros. Em "horário nobre". Mentiu em cadeia nacional! É algo realmente grave! Mas por que Dilma mentiria?
O discurso da presidente começou a ser elaborado na última terça-feira, dia 18, em São Paulo. Naquele dia Dilma veio ao encontro de Lula para discutir a crise de manifestações crescentes em todo o Brasil. Notem que não foi Lula quem foi ao encontro de Dilma: foi a presidente que veio ao encontro de Lula e isso já diz muito sobre o "poder" da presidente. Com eles estava o marketeiro João Santana responsável pela imagem da presidente, o ministro Mercadante e o presidente do PT, Rui Falcão. Após uma análise dos últimos acontecimentos, produzida por Santana, todos ouviram as instruções de Lula:
1) era preciso que Dilma se pronunciasse de modo a tirar o máximo proveito das manifestações, associando sua imagem ao movimento;
2) deveriam aguardar mais dois ou três dias para observar se haveria um "esvaziamento" ou não do movimento, porque isso indicaria o "tom" do discurso;
3) Era preciso dar alguma coisa aos brasileiros, prometer algo, mostrar liderança. Naquele dia resolveram ressuscitar o "PAC da Mobilidade", promessa da época da campanha. Apenas na sexta-feira, em Brasília, a promessa requentada ganhou o nome de "pacto da mobilidade";
4) Os "financiadores" (da campanha do PT para 2014) estavam preocupados com o andamento dos protestos e a associação contra a Copa do Mundo. O fascista e presidente da FIFA, Joseph Blatter, após as vaias recebidas na abertura da Copa das Confederações, queixou-se à presidente que teria respondido a ele que o Brasil é um país democrático. Blatter ficou puto com a "complacência" de Dilma (e aqui ela merece ser aplaudida!), cancelou todos os compromissos que ainda teria no Brasil e foi embora, temendo ele próprio, ser alvo de protestos no Nordeste, para onde viajaria. Quando os protestos ganharam mais e mais força em todo o país e incluíram o escandaloso volume de gastos com a Copa, e ficou evidente que o povo estava muito descontente, Blatter ligou para Lula (e não para Dilma), demonstrando preocupação e ameaçou cancelar os jogos em andamento, lembrando-o dos "acordos" pactuados. Lula então determinou que era preciso que a presidente defendesse a Copa com grande ênfase em seu discurso, e...
5) ... encarregou João Santana de obter apoio de personalidades antes do discurso de Dilma (precisa dizer para quem João Santana ligou?), e das Organizações Globo. A Globo deveria "bater" nos vândalos porque o discurso de Dilma não deveria ter tom de agressividade. Assim, a "condenação" ficaria por conta da emissora e não precisaria estar na fala da presidente.
Na quarta-feira pela manhã, Ronaldo, o fenômeno, postou em seu Twitter uma mensagem em que se solidarizava com os protestos e, ao mesmo tempo, defendia, em um tom estranhamente politizado, a realização da Copa de 2014, criticando aqueles que levaram o tema para as ruas: "não temos copa desde 1950 e não foi por isso que não atingimos excelência em nenhuma dessas causas", escreveu, referindo-se à saúde, educação, transporte e segurança no Brasil. A partir da mesma quarta-feira, a Rede Globo muda fortemente o tom do jornalismo, chamando cada vez mais a atenção para os aspectos da violência, intensifica a ênfase positiva nos jogos e na Copa, e começa a preparar o "clima" para o discurso de sexta - tudo muito bem orquestrado entre a cúpula da emissora e a liderança petista, em defesa de interesses comuns.
Pois bem, após discutirem outros pormenores, ficou decidido que o pronunciamento deveria ser na sexta-feira para, entre outras coisas, aproveitar o desdobramento de mídia no final de semana(JN, Globo Repórter na própria sexta e Fantástico de amanhã), e a proximidade com o jogo da seleção brasileira, no sábado - sugestão do marketeiro, aceita por todos. Na sexta-feira, antes do pronunciamento, a presidente Dilma se reuniu com os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Henrique Eduardo Alves, com o vice-presidente Michel Temer e o ex-presidente da República e ex-presidente do Senado, José Sarney, com quem Lula havia conversado antecipadamente sobre o discurso.
E foi assim que o texto ganhou sua formatação final. Ou seja, o discurso não foi escrito por Dilma, na sexta-feira, mas produzido por Santana desde a reunião de terça-feira e constantemente submetido à avaliação de Lula e da própria Dilma. Desse modo, fica clara a orquestração manipulatória em torno do tema central: a Copa!
Não o legítimo interesse dos brasileiros, não a nossa qualidade de vida, não a justiça social nem a humilhação a que estamos submetidos diante desse dantesco quadro de desrespeito à instituição democrática neste país, pelos políticos bandidos que atacam o erário. Não à violência estúpida das PMs. E sim à Copa do Mundo, que além de levar bilhões dos cofres públicos, possibilitará milhões de dólares em mídia e em paraísos fiscais, para aqueles que arquitetaram o golpe, incluindo o chefe da quadrilha.
Por isso não posso crer em uma presidente que se presta a esse serviço. Não posso admirar esse estado de coisas. Se há algo que reconheço ter sido excelente no discurso de Dilma, foi sua representação: estava calma, confiante, leu com ênfase e simpatia, uma mãe! Mas isso ela faz bem. Eu mesmo cheguei a acreditar, um dia, que ela era a presidente do nosso país.
COMO FOI CONSTRUÍDO O DISCURSO DE DILMA ROUSSEFF?
É bom saber:
VOCÊ SABE COMO FOI CONSTRUÍDO
O DISCURSO DE DILMA ROUSSEFF?
Renato Manzano
Renato Manzano
Não tenho absolutamente nada de pessoal contra a figura da presidente Dilma Rousseff. Reconheço o fundamental papel histórico e social da presidente como a primeira mulher a ocupar a presidência da República no Brasil. Quem me conhece sabe que sempre torci para que ela fizesse um ótimo governo. Mas ao aceitar o papel de fantoche do ex-presidente Lula, que prometeu não interferir nos destinos da nação, a ponto de, por exemplo, não poder sequer demitir seu ministro da Fazenda, em cuja política ela mesmo não acredita, e com quem não se dá bem, mas é obrigada pelo "chefe" a angulí-lo, Dilma nos dá o exemplo da anti-democracia.
Mas ontem, ocorreu um ponto de ruptura definitivo para mim em relação à presidente: ela mentiu! Mentiu para mim e para todos os cidadãos brasileiros. Em "horário nobre". Mentiu em cadeia nacional! É algo realmente grave! Mas por que Dilma mentiria?
O discurso da presidente começou a ser elaborado na última terça-feira, dia 18, em São Paulo. Naquele dia Dilma veio ao encontro de Lula para discutir a crise de manifestações crescentes em todo o Brasil. Notem que não foi Lula quem foi ao encontro de Dilma: foi a presidente que veio ao encontro de Lula e isso já diz muito sobre o "poder" da presidente. Com eles estava o marketeiro João Santana responsável pela imagem da presidente, o ministro Mercadante e o presidente do PT, Rui Falcão. Após uma análise dos últimos acontecimentos, produzida por Santana, todos ouviram as instruções de Lula:
1) era preciso que Dilma se pronunciasse de modo a tirar o máximo proveito das manifestações, associando sua imagem ao movimento;
2) deveriam aguardar mais dois ou três dias para observar se haveria um "esvaziamento" ou não do movimento, porque isso indicaria o "tom" do discurso;
3) Era preciso dar alguma coisa aos brasileiros, prometer algo, mostrar liderança. Naquele dia resolveram ressuscitar o "PAC da Mobilidade", promessa da época da campanha. Apenas na sexta-feira, em Brasília, a promessa requentada ganhou o nome de "pacto da mobilidade";
4) Os "financiadores" (da campanha do PT para 2014) estavam preocupados com o andamento dos protestos e a associação contra a Copa do Mundo. O fascista e presidente da FIFA, Joseph Blatter, após as vaias recebidas na abertura da Copa das Confederações, queixou-se à presidente que teria respondido a ele que o Brasil é um país democrático. Blatter ficou puto com a "complacência" de Dilma (e aqui ela merece ser aplaudida!), cancelou todos os compromissos que ainda teria no Brasil e foi embora, temendo ele próprio, ser alvo de protestos no Nordeste, para onde viajaria. Quando os protestos ganharam mais e mais força em todo o país e incluíram o escandaloso volume de gastos com a Copa, e ficou evidente que o povo estava muito descontente, Blatter ligou para Lula (e não para Dilma), demonstrando preocupação e ameaçou cancelar os jogos em andamento, lembrando-o dos "acordos" pactuados. Lula então determinou que era preciso que a presidente defendesse a Copa com grande ênfase em seu discurso, e...
5) ... encarregou João Santana de obter apoio de personalidades antes do discurso de Dilma (precisa dizer para quem João Santana ligou?), e das Organizações Globo. A Globo deveria "bater" nos vândalos porque o discurso de Dilma não deveria ter tom de agressividade. Assim, a "condenação" ficaria por conta da emissora e não precisaria estar na fala da presidente.
Na quarta-feira pela manhã, Ronaldo, o fenômeno, postou em seu Twitter uma mensagem em que se solidarizava com os protestos e, ao mesmo tempo, defendia, em um tom estranhamente politizado, a realização da Copa de 2014, criticando aqueles que levaram o tema para as ruas: "não temos copa desde 1950 e não foi por isso que não atingimos excelência em nenhuma dessas causas", escreveu, referindo-se à saúde, educação, transporte e segurança no Brasil. A partir da mesma quarta-feira, a Rede Globo muda fortemente o tom do jornalismo, chamando cada vez mais a atenção para os aspectos da violência, intensifica a ênfase positiva nos jogos e na Copa, e começa a preparar o "clima" para o discurso de sexta - tudo muito bem orquestrado entre a cúpula da emissora e a liderança petista, em defesa de interesses comuns.
Pois bem, após discutirem outros pormenores, ficou decidido que o pronunciamento deveria ser na sexta-feira para, entre outras coisas, aproveitar o desdobramento de mídia no final de semana(JN, Globo Repórter na própria sexta e Fantástico de amanhã), e a proximidade com o jogo da seleção brasileira, no sábado - sugestão do marketeiro, aceita por todos. Na sexta-feira, antes do pronunciamento, a presidente Dilma se reuniu com os presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Henrique Eduardo Alves, com o vice-presidente Michel Temer e o ex-presidente da República e ex-presidente do Senado, José Sarney, com quem Lula havia conversado antecipadamente sobre o discurso.
E foi assim que o texto ganhou sua formatação final. Ou seja, o discurso não foi escrito por Dilma, na sexta-feira, mas produzido por Santana desde a reunião de terça-feira e constantemente submetido à avaliação de Lula e da própria Dilma. Desse modo, fica clara a orquestração manipulatória em torno do tema central: a Copa!
Não o legítimo interesse dos brasileiros, não a nossa qualidade de vida, não a justiça social nem a humilhação a que estamos submetidos diante desse dantesco quadro de desrespeito à instituição democrática neste país, pelos políticos bandidos que atacam o erário. Não à violência estúpida das PMs. E sim à Copa do Mundo, que além de levar bilhões dos cofres públicos, possibilitará milhões de dólares em mídia e em paraísos fiscais, para aqueles que arquitetaram o golpe, incluindo o chefe da quadrilha.
Por isso não posso crer em uma presidente que se presta a esse serviço. Não posso admirar esse estado de coisas. Se há algo que reconheço ter sido excelente no discurso de Dilma, foi sua representação: estava calma, confiante, leu com ênfase e simpatia, uma mãe! Mas isso ela faz bem. Eu mesmo cheguei a acreditar, um dia, que ela era a presidente do nosso país.
Renato Manzano.
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