terça-feira, 5 de março de 2013

ineficiência.

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Incêndio no Leblon revela despreparo dos bombeiros


Demora, hidrante inoperante e falta de escada Magirus refletem uma tragédia de erros
RIO — O incêndio de domingo no Edifício Tanger, na Rua General Venâncio Flores, no Leblon, que causou a morte do desembargador do Tribunal Regional do Trabalho Ricardo Damião Areosa, de 57 anos, e de sua mulher, Cristiane Teixeira Pinto, de 33, não deixou apenas um rastro de cinzas. A tragédia abre a discussão sobre os motivos que levaram ao fracasso do combate ao fogo, como a demora na chegada dos bombeiros, a falta de água num hidrante e, o pior, a inexistência de uma escada Magirus no quartel da Gávea, o primeiro a chegar. Segundo a própria assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros, o Rio só tem escadas e plataformas mecânicas em três batalhões da capital e em quatro do interior, de um total de 28 grupamentos e 52 destacamentos da corporação em todo o estado.
A demora teria dado sua contribuição para o triste desfecho. Desesperados e sem ter como enfrentar as chamas, o desembargador e a mulher tomaram a decisão drástica de tentar escapar pulando do quarto andar, o que foi na verdade um salto de cerca de 16 metros para a morte. Segundo moradores, os bombeiros levaram 35 minutos para chegar, um tempo difícil de explicar para um trajeto tão curto, que consiste basicamente em atravessar parte da Avenida Visconde de Albuquerque. Nas contas das testemunhas, o início das chamas teria sido às 23h20m e a primeira equipe, vinda da Gávea, teria chegado ao local às 23h55m. Nesse horário, o imóvel do casal já estaria totalmente destruído. Já os bombeiros dão horários diferentes: informam ter recebido o chamado às 23h24m e chegado em seis minutos, às 23h30m.
Como o quartel da Gávea não tem escada Magirus, foi preciso acionar, às 23h37m — com base nos registros de horário do Corpo de Bombeiros — o quartel de Copacabana, que dispõe de uma. Foram mais oito minutos até a chegada do equipamento, às 23h45m, segundo a corporação. Na segunda-feira, por meio de nota, a assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros informou que, de 80 unidades, só conta com escadas e plataformas mecânicas em sete: nos grupamentos de Copacabana, Centro, Humaitá, Nova Friburgo, Campos dos Goytacazes, Niterói e Petrópolis.
Polícia Civil investiga demora no socorro
Mais um obstáculo ainda se apresentaria na noite de domingo no Leblon: um hidrante na rua não funcionou. A corporação confirmou que o equipamento estava com um problema no registro. Por isso, usaram água do prédio ao lado. Em nota, a Cedae garantiu que todos os hidrantes da região estavam com água. Segundo a companhia, "todos possuíam 20 metros de coluna d'água, ou seja, pressão suficiente para mandar a água a 20 metros de altura, e estavam funcionando perfeitamente". Além das causas do incêndio, a Polícia Civil vai investigar a demora dos bombeiros no socorro e o problema no hidrante. A delegada Flávia Monteiro de Barros descartou a hipótese de incêndio criminoso.
Apesar da série de problemas que envolvem o caso, o Corpo de Bombeiros do Rio tem um fundo cujos recursos são destinados à compra de equipamentos para combate a incêndio. Dados do Sistema Integrado de Administração Financeira do estado (Siafem), obtidos pelo gabinete do deputado estadual Luiz Paulo Corrêa da Rocha (PSDB), revelam que o Fundo Especial do Corpo de Bombeiros (Funesbom), que recebe as taxas de combate a incêndio cobradas da população, tem crescido nos últimos anos. Em 2011, a receita foi de R$ 158,6 milhões. No ano passado, foi de R$ 206,5 milhões.

Bombeiros seguiram 'padrão internacional', diz Cabral
Governador referiu-se à atuação da corporação em incêndio que matou desembargador e sua mulher no Leblon
RIO - O governador Sergio Cabral afirmou na manhã desta terça-feira que o tempo de atendimento dos bombeiros que atuaram no incêndio que terminou com a morte do desembargador do Tribunal Regional do Trabalho Ricardo Damião Areosa, de 57 anos, e de sua mulher, Cristiane Teixeira Pinto, de 33, na Rua Venâncio Flores, no Leblon, ocorreu dentro de um "padrão internacional". Em resposta à informação de que só há sete unidades dos bombeiros em todo o estado que possuem escada Magirus e plataforma, ele defendeu ainda que nos últimos anos houve um aumento nos investimentos para a compra de equipamentos da corporação.
— Isso é a maior injustiça que já vi na minha vida. O Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro teve, nos últimos seis anos, investimentos maiores do que tudo que foi investido nos 30 anos anteriores. Temos as escadas Magirus e plataformas. Só o que nós compramos em nosso governo foi mais do que em toda a história do Corpo de Bombeiros — disse Cabral durante a inauguração de uma unidade do Rio Poupa Tempo, em Ipanema
O governador disse ainda que a taxa de incêndio (Funesbon), antes de seu governo, era usada para o caixa único do governo, e acabava entrando no superavit do estado.
Apesar disso, moradores da região voltaram a afirmar que os bombeiros demoraram. Embora a corporação afirme que a unidade chegou seis minutos após o chamado, os moradores voltaram a dizer que houve demora. É o caso de Jorge Richter:
— Telefonei e só dava sinal de ocupado — afirmou enquanto uma vizinha sua mostrava a tela do celular com o registro da tentativa de chamada para o 193 às 23h26m.
Um morador do prédio em frente ao edifício atingido, que não quis se identificar, também afirmou ter tentado falar com os bombeiros. Ele acabou desistindo e ligou para o 192 (Defesa Civil):
— De quando eu avisei ao 192 até a chegada dos bombeiros foram, no mínimo, 40 minutos. Quando eles enfim chegaram o fogo já tinha lambido quase todo o apartamento - garante ele, que acompanhou toda a movimentação.
O incêndio do último domingo no Edifício Tanger, que causou a morte do desembargador e de sua mulher, não deixou apenas um rastro de cinzas. A tragédia abre a discussão sobre os motivos que levaram ao fracasso do combate ao fogo, como a demora na chegada dos bombeiros, a falta de água num hidrante e, o pior, a inexistência de uma escada Magirus no quartel da Gávea, o primeiro a chegar. Segundo a própria assessoria de imprensa do Corpo de Bombeiros, o Rio só tem escadas e plataformas mecânicas em três batalhões da capital e em quatro do interior, de um total de 28 grupamentos e 52 destacamentos da corporação em todo o estado. (O globo)


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Um comentário:

  1. Realmente ainda existem muitas falhas, mas o governo de Sérgio Cabral foi o que mais investiu nisso e não pode levar a culpa por anos de descaso.

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