domingo, 28 de setembro de 2014

O jeitinho brasileiro, promotor das impunidades


Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

O jeitinho brasileiro, promotor das impunidades, já arma para transformar a Lava Jato em uma Pizzaria. O motivo é bem pragmático – segundo fontes de organismos norte-americanos de combate à corrupção e ao tráfico de drogas. A República Sindicalista do Brazil cai de podre se houver rigor generalizado – e não o tradicional rigor seletivo, escolhendo apenas alguns bodes expiatórios para punir. O plano é poupar, ao máximo, os chefões políticos.

Outra intenção tática consiste em desvincular qualquer relação entre a lavagem bilionária de dinheiro e o tráfico nacional e internacional de drogas – grande financiador da governança do crime organizado, conforme tese abertamente defendida pelo esquema anti-drogas dos Estados Unidos da América. A Lava Jato não teria sido viável sem a colaboração invisível das “Águias” do Tio Sam. Os norte-americanos recusam a armação para que todo o trabalho vá por “água abaixo”, em vez de ficar "preta" como outras águas...

O tal “sistema” (tão bem evocado no filme “Tropa de Elite”) já trabalha para conter o ímpeto, o rigor e a velocidade do juiz Sérgio Fernando Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba. Nos bastidores do governo e do topo do Judiciário, fala-se em “ganhar tempo”, “diminuir a pressão”, “focar nos inimigos internos”. O objetivo imediato é garantir que as denúncias da Lava Jato não causem estragos eleitorais agora ou no segundo turno. Quando o caso chegar às instâncias superiores do judiciário, no Superior Tribunal de Justiça e no Supremo Tribunal Federal (para os casos de réus com direito à foro privilegiado) a imensidão de recursos postergará o impacto das decisões politicamente mais fatais.   

Os primeiros sinais de retenção do impacto da Lava Jato começam a acontecer. O delator premiado Paulo Roberto Costa já tem tudo para ganhar o direito à prisão domiciliar, mesmo com o inconveniente uso da tornozeleira eletrônica. O Ministério Público Federal já teria dado o sinal verde para que o juiz Sérgio Moro ou o ministro Teori Zavascki, relator dos processos da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, decretem a “liberdade vigiada” do ex-diretor de abastecimento da Petrobras. “Paulinho” (como era tratado pelo ex-presidente Lula da Silva) terá direito à proteção especial. Afinal, depois dos 100 depoimentos que concedeu ao MPF, à PF e a Justiça Federal, é alto o risco de “Paulinho” se transformar em “Celso Daniel da vida”...

A aliviada no colaborador Paulo Roberto Costa seria uma senha para que o sócio dele, o doleiro Alberto Youssef, faça o mesmo. Os dois são os arquivos vivos de várias operações de corrupção envolvendo empreiteiras e fornecedores da Petrobras. Também podem demonstrar como grandes bancos teriam sido coniventes ou lenientes com as operações de lavagem de dinheiro. Como Paulo Roberto e Youssef sabem demais sobre escândalos que mexem com grandes políticos, instituições financeiras, empreiteiras e estatais, o “sistema” trabalha para transformar a Lava Jato em uma Pizzaria que fabrique os menores danos possíveis.

Fora das drogas

O Ministério Público Federal pediu ontem a absolvição do doleiro Alberto Youssef da acusação de lavar dinheiro do tráfico de drogas em um dos processos da Operação Lava-Jato.

O MPF alegou “insuficiência de provas”, com a seguinte tese:

“A atuação de Youssef comprovada nos autos limitou-se à cessão do espaço físico de seu escritório paulista para o recebimento de valores. A absolvição pelo critério in dubio pro reo é a medida de maior justiça”.

A turma da Águia, que atuou forte no caso Banestado (que não puniu poderosos políticos), está gostando nada do desenrolar da história...

Maldição dos 13...


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