terça-feira, 9 de setembro de 2014

Paulo Roberto Costa decidiu partir para delação premiada depois do “acidente” de Eduardo Campos

Do Blog


Alerta Total


Posted: 08 Sep 2014 03:23 AM PDT

Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net

Eduardo Campos vinha recebendo ameaças veladas de membros da cúpula petista sobre o alto risco de seu nome ser envolvido, de forma comprometedora, nas investigações da Operação Lava Jato, principalmente nos negócios superfaturados envolvendo a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. A queda do avião que matou o presidenciável socialista foi a gota d´água para Paulo Roberto Costa, ex-diretor de abastecimento da Petrobras, decidir contar tudo que sabe na delação premiada aos investigadores da Operação Lava Jato.

Também ameaçados, Paulo Roberto e seus familiares temiam o mesmo destino fatal de Campos. Preso desde março na Polícia Federal no Paraná, Paulo Roberto soube de uma informação assustadora sobre o “acidente”. Um dia antes da queda mortal em Santos, dois homens fizeram uma “manutenção” na aeronave. O fato gravíssimo é que a Aeronáutica e a segurança da Infraero no aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, não têm a identificação dos dois “técnicos”.

Ao saber que a estranha ocorrência era investigada pela FAB, indicando que a morte de Eduardo Campos pudesse não ser tão acidental quanto parecia, Paulo Roberto resolveu mudar sua estratégia de defesa e contou tudo que sabia ao Ministério Público Federal e ao juiz Sérgio Fernando Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba. O nome de Eduardo Campos, inclusive, foi um dos citados nos problemas ligados à refinaria Abreu e Lima. Como bem reclamou a alarmada candidata Marina Silva, Paulo Roberto causou uma “segunda morte” de Eduardo Campos.

O domingão foi de pânico por causa da delação premiada de Paulo Roberto Costa. O ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva viajou ontem de manhã à Brasília para uma “reunião de emergência”. Lula se deslocou no jatinho da empreiteira Andrade Gutierrez que costuma usar em seus deslocamentos. O fato coincide com o momento fatal em que a Lava Jato, a partir do que Paulo Roberto delatou, começa a centrar fogo nos negócios das grandes empreiteiras – principalmente com a Petrobras. As grandes construtoras, inclusive, passaram o recibo de montar um inédito “pool” para a uma estratégia comum de defesa – já que teriam sido formalmente denunciadas, com provas, sobre pagamentos de propinas milionárias. As construtoras Camargo Corrêa, Odebrecht, OAS e Mendes Júnior, entre outras menos votadas e tradicionais doadoras de campanhas eleitorais, estão na mira do Ministério Público Federal e da Justiça.

O 7 de setembro foi um dia terrível para quem já sabe ter sido dedurado pelo arquivo-vivo Paulo Roberto Costa. Embora não se saiba que tenha sido formalmente citado pelo ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Lula ficou tão preocupado quanto irritado, e já deu ordens para o governo adotar uma linha ofensiva de discurso. A missão é quase impossível para Dilma Rousseff que ontem estava abatida porque sabe não ter mais condições políticas de manter sua amiga Maria das Graças Foster na presidência da Petrobras. Dilma deve receber de Graça, o mais urgente possível, o “pedido para sair”, provavelmente junto com toda a diretoria da estatal de economia mista.

A turma do Palácio do Planalto, que só sabe de tudo quando convém, foi informada de que Paulo Roberto não poupou ninguém. Tanto que sua delação premiada, respaldada na Lei 9.807, de 1999, agora considerada mais uma herança maldita da Era FHC, pode render a Paulo Roberto até um inesperado “perdão judicial”. Se suas informações realmente permitirem a identificação dos membros da organização criminosa e facilitarem a recuperação total ou parcial dos milhões ou bilhões de reais desviados pelo esquema da Lava Jato, Paulo Roberto pode entrar no programa de proteção a testemunhas. Assim, legalmente, mudaria de nome e sairia do Brasil.

O acordo de delação premiada firmado por Paulo Roberto Costa com a Justiça terá de ser homologado pelo ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal Federal, que cuida já de três ações ligadas à Lava Jato que envolvem políticos e autoridades com direito a foro privilegiado. A tendência de Zavaskci, sem muita alternativa, é pela ratificação do acordo. Em maio, o ministro chegou a conceder um habeas corpus libertando 12 presos na Lava Jato, inclusive Paulo Roberto. Mas foi obrigado a voltar atrás, sob o argumento de que os suspeitos poderiam fugir. Como os investigadores encontraram uma conta corrente de Paulo Roberto na Suíça, o juiz Sérgio Moro teve um argumento legal para fazê-lo retornar à cadeia.

Paulo Roberto Costa afundou o PTitanic. Agora, como diz um amigo, restam duas classes no Brasil, que aguardam os próximos acontecimentos: as armadas e as alarmadas...

Lula a Jato


No aeroporto JK, em Brasília, lobistas clicam o avião usado ontem por Lula da Silva rumo à reunião de emergência: pertence à empreiteira Andrade Gutierrez, mas Lula sempre viaja nele...

Prova de Superação


Ex-Mulher Bomba

Aguarda-se para os próximos dias um depoimento bomba de Rosane Collor de Mello.

Circula nos informes de lobistas a informação de que a ex-mulher do ex-presidente e atual senador alagoano Fernando Collor de Mello revelaria um escândalo que abalaria a República.

Resta aguardar para ver se Rosane consegue ser mais bombástica que Paulo Roberto Costa – que já derrubou o desgoverno petralha...

Ou, então, o que o petista renegado e ilustre maçom André Vargas vai falar na hora em que for apertado...

Escolinha do Requião

Paranaenses lembram que, nos tempos do governo Lula, o então diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, deu uma empolgada palestra na Escola de Governo de Roberto Requião sobre investimentos da estatal no estado.

Também recordam que, desde 2009, as obras da Refinaria Getúlio Vargas (Repar), em Araucária, são investigadas pelo Tribunal de Contas da União por suspeitas de superfaturamento.

Em outubro de 2011, a revista Época chegou a informar que a obra de R$ 7,5 bilhões – firmada com um sete consórcios de empreiteiras, estaria R$ 1,4 bilhão acima do valor normal de mercado...

Vão pegar o poderoso chefão?

O Alerta Total insiste na tese de que nem o mais justo e perfeito idiota consegue acreditar que Paulo Roberto Costa e o a turma de doleiros conectada por Alberto Youssef sejam os líderes máximos de um esquema que lavava mais de R$ 10 bilhões em negociatas com empresas estatais (principalmente a Petrobras) e empreiteiras, envolvendo poderosos políticos, artistas famosos e até craques e dirigentes de futebol.

Só uma coisa está clara e objetiva: a delação premiada de Paulo Roberto Costa derrubou, na prática, o desgoverno do PT.

O voo reeleitoral de Dilma Rousseff foi abatido pelo aliado que contou tudo que sabe aos investigadores da Operação Lava Jato.


Tudo sabido


Uso indevido do nome e do currículo

O Coronel José Ori Dolvin Dantas entrou em contato com a redação do Alerta Total para advertir e garantir que não foi escrito por ele um texto com ilações sobre o acidente fatal com Eduardo Campos.

O Coronel promete descobrir quem usou seu nome e seu currículo, indevidamente, para espalhar o texto pela internet:

“Quero me dirigir ao Alerta Total e os demais leitores que estou sendo vítima de uma publicação perniciosa. Usaram meu currículo para divulgar uma suposição que não é minha. Vou tomar todas as providências cabíveis para achar o responsável”.

Força dos argumentos

Embora não seja do coronel Dantas, o artigo lança dúvidas bem plausíveis sobre o “acidente” que se torna ainda mais misterioso, agora que se sabe que Paulo Roberto Costa resolveu apelar para a delação premiada para não ter destino idêntico ao presidenciável socialista.

Reveja os argumentos do artigo “Suspeitas no acidente e morte de Eduardo Campos”, com 13 ponderações sobre o “acidente”.


O Alerta Total pede desculpas ao Coronel e aos leitores e justifica que só publicou o texto em 5 de setembro porque o recebeu de uma fonte militar, de alta patente, altamente confiável, que acreditou ter sido produzido pelo especialista citado.

Dilma na Rede Ovo


Perfeito para um desgoverno que é uma piada séria...

Ino Nacional tupiniquim


Com os Originais do Samba, do imortal Mussum….


E “Malandragem dá um tempo” – do também imortal Bezerra da Silva.


E, do mesmo autor, “É ladrão que não acaba mais”...

Madrasta


Astúcia de sempre


Doações ao Alerta Total

Os leitores, amigos e admiradores que quiserem colaborar financeiramente conosco poderão fazê-lo de várias formas, com qualquer quantia, e com uma periodicidade compatível com suas possibilidades.

Nos botões do lado direito deste site, temos as seguintes opções:

I) Depósito em Conta Corrente no Banco do Brasil. Agência 4209-9, C/C: 9042-5, em favor de Jorge Serrão.

OBS) Valores até R$ 9.999,00 não precisam identificar quem faz o depósito; R$ 10 mil ou mais, sim.

II) Depósito no sistema PagSeguro, da UOL, utilizando-se diferentes formas (débito automático ou cartão de crédito).

III) Depósito no sistema PayPal, para doações feitas no Brasil ou no exterior.
                           
Vida que segue... Ave atque Vale! Fiquem com Deus.

O Alerta Total tem a missão de praticar um Jornalismo Independente, analítico e provocador de novos valores humanos, pela análise política e estratégica, com conhecimento criativo, informação fidedigna e verdade objetiva. Jorge Serrão é Jornalista, Radialista, Publicitário e Professor. Editor-chefe do blog Alerta Total: www.alertatotal.net. Especialista em Política, Economia, Administração Pública e Assuntos Estratégicos.


A transcrição ou copia dos textos publicados neste blog é livre. Em nome da ética democrática, solicitamos que a origem e a data original da publicação sejam identificadas. Nada custa um aviso sobre a livre publicação, para nosso simples conhecimento.

© Jorge Serrão. Edição do Blog Alerta Total de 8 de Setembro de 2014.
Posted: 08 Sep 2014 03:15 AM PDT

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos Maurício Mantiqueira

A que atualmente vivemos é a pior já vista em Pindorama.

Crise econômica, financeira, moral e de confiança.

A indústria se derrete como manteiga.

O comercio enche as ruas de todos os bairros com placas “Aluga-se”,”Vende-se”.

Os serviços sofrem segundo sua essencialidade.

Ao dentista e ao médico só se vai com dor.

Só prospera a classe política, vampiresca e debochada.

Hoje é osta, amanhã será asta.

Não há Plano B.


Carlos Maurício Mantiqueira é livre pensador.
Posted: 08 Sep 2014 03:14 AM PDT

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por João Vinhosa

Em decorrência da minha indignação diante dos fatos relatados no artigo “Dilma colocou a Polícia Federal na berlinda”, finalizei o mesmo utilizando a instigante provocação “Com a palavra a Polícia Federal”.  

Conforme pode ser visto em referido artigo, afirmei que, no vídeo “Dilma e as investigações da Polícia Federal”, dei detalhes do depoimento por mim prestado à Polícia Federal sobre a Gemini – espúria sociedade da Petrobras com uma transnacional, arquitetada no período em que a atual Presidente da República acumulava os cargos de Ministra de Minas e Energia e Presidente do Conselho de Administração da Petrobras.

É de se destacar que em meu depoimento, prestado em 29 de setembro de 2011, apresentei um categórico relatório constituído de 11 folhas e 21 documentos anexos, denunciando diversos aspectos do autêntico crime de lesa-pátria em que se transformou a Gemini.

Acontece que, passados três anos, nunca fui questionado sobre minhas comprovações, e nem mesmo fui informado se o processo correspondente ao meu depoimento foi ou não arquivado.

O mais preocupante é que, em citado depoimento, demonstrei didaticamente que o criminoso Acordo de Quotistas datado de janeiro de 2004 possibilita que a sócia majoritária da Gemini superfature eternamente contra a Petrobras. Ou seja, tal Acordo de Quotistas já deu, dá e continuará dando prejuízos diários à Petrobras até que providências sejam tomadas para fazer cessar a rapinagem por ele permitida.

A propósito, detalhes da didática demonstração da maneira de superfaturar com amparo na cláusula 3 do fraudulento Acordo de Quotistas também podem ser vistos no vídeo “Saia do armário, Dilma! (III)”.

Ainda com relação a referido Acordo de Quotistas, Senhor Corregedor, venho acrescentar ao meu depoimento uma nova questão que também merece ser investigada. É a questão que vai destacada a seguir. Para a elucidação da mesma, sugiro que se ouça o então diretor de Gás e Energia da Petrobras, professor Ildo Sauer.

Tendo sido o Acordo firmado em janeiro de 2004 – mais de nove meses antes da aprovação da participação da Petrobras na sociedade (que ocorreu em outubro de 2004) – é de todo indispensável que se esclareça se o órgão colegiado que aprovou a participação da Petrobras na Gemini tinha, ou não, conhecimento da existência do citado Acordo.

Ninguém pode ter qualquer dúvida sobre a gravidade da situação: como a presidente Dilma afirmou que só autorizou a compra da refinaria de Pasadena porque foi enganada por um tendencioso relatório que omitia duas cláusulas contratuais, o que dizer se tiverem omitido do órgão colegiado que aprovou a participação da Petrobras na Gemini o fraudulento Acordo de Quotistas por inteiro?

Para piorar, se não omitiram o Acordo, a situação é ainda mais grave.

Cumpre informar nesta altura, Corregedor Cláudio Gomes, que esta carta será amplamente divulgada com o título “Carta aberta ao Corregedor-Geral da Polícia Federal”, e que cópia da mesma será formalmente encaminhada à presidente Dilma Rousseff, pessoa que em toda oportunidade alardeia transparência.
  
Finalizando, apresento os links dos documentos a seguir relacionados:




http://youtu.be/x-L-9VGAIYw (Dilma e as investigações da Polícia Federal)  

https://www.youtube.com/watch?v=302F6USwq7s  (Saia do armário, Dilma! (III)

João Vinhosa é Engenheiro.
Posted: 08 Sep 2014 03:12 AM PDT

"Lula é um Fernando Henrique sem plano real. Isto é, nada, e se comporta como uma espécie de Moisés de opereta, até porque, na travessia que propõe, nada sai do lugar". (César Queiroz Benjamim, que foi militante do MR8 e do PT - Folha de São Paulo, 28 de dezembro de 2003)

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Carlos I. S. Azambuja

Ao longo de 1997, um amplo conjunto de militantes de movimentos sociais iniciou, de forma bastante informal, um processo de discussão sobre a situação do país e a necessidade de retomar um projeto nacional alternativo, tendo o povo brasileiro como eixo de uma nova proposta. Em dezembro desse ano, 340 delegados de todo o Brasil - gente do campo e da cidade, religiosos e leigos, filiados ou não a partidos políticos - reuniram-se em Itaici, São Paulo, durante vários dias, para compartilhar experiências e idéias. Do êxito dessa iniciativa surgiu naturalmente a necessidade de não deixá-la morrer. A consulta que lutadores e lutadoras do povo fizeram entre si naquele momento desdobrou-se em uma organização permanente, a Consulta Popular.

Consulta Popular é uma rede de militantes, espalhada pelo país, de caráter não partidário. Pretende ser um espaço onde se desenvolvam, fundamentalmente, três tipos de iniciativas: a formação (política, intelectual e moral) de militantes, a organização de lutas populares e a formulação de um novo projeto para o Brasil. Para apoiar o trabalho de base, a Consulta produz regularmente vídeos (sobre desemprego, dívida externa, reforma agrária, etc.) e cartilhas (sobre trabalho de base, análise da situação brasileira, etc.).

Também tem patrocinado inúmeros debates, seminários, cursos e jornadas de luta. Entre julho e outubro de 1999, organizou a Marcha Popular pelo Brasil, que levou do Rio de Janeiro a Brasília 1.100 lutadores e lutadoras, que percorreram a pé 1.800 quilômetros, debatendo com a população de centenas de cidades. A entrada da Marcha em Brasília e a assembléia que se seguiu - com 5.000 militantes - foram documentadas em vídeo.

Consulta Popular está organizada praticamente em todo o Brasil, embora de maneira desigual. Há uma coordenação nacional, cuja secretaria funciona em São Paulo, e coordenações nos estados e regiões. De maneira geral, os integrantes da Consulta Popular são também militantes de organizações populares, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, as Pastorais Sociais da CNBB, o Movimento de Pequenos Agricultores, a Central de Movimentos Populares, a Articulação Nacional de Mulheres Trabalhadoras Rurais, além de sindicalistas, estudantes e intelectuais. Pessoas filiadas a diversos partidos também participam, sem que para isso lhes seja pedido que se desfiliem.

Para conhecer as propostas da Consulta Popular, além das cartilhas, já mencionadas, há um texto abrangente, produzido no âmbito da Consulta e publicado sob a forma de livro: A Opção Brasileira (editora Contraponto, 1998, 208 páginas), que pode ser adquirido na Secretaria Nacional ou em livrarias. Divide-se em quatro partes. A primeira discute, em quatro capítulos, o sentido da construção nacional, o processo de globalização, a macroeconomia do Plano Real e o bloqueio da construção nacional. A segunda descreve longamente as principais características estruturais do Brasil atual (território, população, cidades, potencial agrícola, capacidade técnica, etc.). A terceira analisa o sistema internacional e o lugar da América Latina. A quarta, finalmente, discute as bases do programa alternativo proposto para o Brasil.

Como o nome diz, a Consulta Popular é, e deverá continuar sendo, um projeto coletivo, que"faz o caminho ao andar". Diz-se uma organização de luta, que se desenvolve de baixo para cima e que trabalha pela renovação dos valores, da prática e do pensamento no âmbito das forças populares. Pretende, junto do povo, desenhar um projeto popular para o Brasil.

A sede da Consulta Popular é na rua Vicente Prado 134, Bela Vista-SP, telefax (11) 3105-5087, e-mail consultapopular@uol.com.br.

Um dos fundadores da Consulta Popular foi César Queiroz Benjamim, que no final dos anos 60, no Rio de Janeiro e na Bahia foi militante do Movimento Revolucionário Oito de Outubro, tendo participado de diversas ações armadas utilizando o codinome de "Menininho"."Menininho" foi preso em Salvador/BA - para onde havia se deslocado Carlos Lamarca, já então no MR-8 - em agosto de 1971, quando tinha apenas 17 anos de idade, com três anos de militância na esquerda: PCB, Dissidência do PCB da Guanabara e MR-8. Por ser menor de idade não foi submetido a julgamento, sendo expulso do Brasil em fevereiro de 1976.

Consulta Popular aprovou seu documento-base, denominado "Opção Brasileira" (ou "Projeto Popular para o Brasil") em outubro de 1999, no Clube do Servidor, em Brasília, por ocasião do final da Marcha Popular pelo Brasil, promovia pelo MST e outras agremiações.

Consulta Popular, braço político do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), reune uma rede com as seguintes entidades: Central de Movimentos Populares, Pastorais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, Articulação Nacional das Mulheres Trabalhadoras Rurais, Movimento dos Pequenos Agricultores, Movimento dos Atingidos por Barragens e sindicalistas filiados a diversos sindicatos.

Abaixo, um extrato de uma entrevista de César Queiroz Benjamim, que ocupou duas páginas do tablóide "A Verdade", fevereiro de 2001, porta-voz do Partido Comunista Revolucionário (PCR).

"Aos 14 anos, em 1967/1968, estudava em uma escola muito politizada: o Colégio de Aplicação do Rio de Janeiro. Lá comecei a militar na dissidência do antigo PCB, a Dissidência da Guanabara (posteriormente MR-8).

Integrei uma geração que colocava em primeiro lugar, na ordem do dia, a tarefa de fazer a revolução, e não pensar a revolução. Foi uma geração que já nasceu com a idéia de fazer uma Revolução Socialista no Brasil.

Vivi intensamente as discussões da época sobre foquismo, guerrilha rural, guerrilha urbana, combinação de táticas e estratégias de luta. Vivi a deflagração da luta armada e fui um dos últimos a ser preso, em agosto de 1971, na Bahia.

Fiquei preso durante mais de cinco anos e saí, expulso do Brasil, diretamente para o exílio. Quando fui preso ainda era menor de idade, pois tinha 17 anos. Então, nunca pude ser condenado.

Em 1978 resolvi voltar para o Brasil prematuramente, antes da anistia. Integrei-me ao PT, onde militei durante 15 anos, na Direção Estadual do Rio de Janeiro e na Direção Nacional.

Fui assistindo, assim, ao auge e ao declínio do PT. Em 1995 decidi sair, por considerar que o PT havia feito uma inflexão, uma opção à direita que introduzia o partido num processo de integração à Ordem, ao sistema capitalista.

Saindo do PT em 1995, voltei a militar nos movimentos populares e acabei tendo uma vinculação mais ou menos regular com o MST.

Em 1997 foi se generalizando entre nós a percepção da falta de um instrumento político maior do que o MST, que pudesse pensar uma alternativa para a crise brasileira, que pudesse articular os lutadores do povo de vários locais, de várias inserções, que tinham preocupações comuns. Aí, em fins de 1997 iniciamos a chamada Consulta Popular, em Itaici (SP).

A Consulta, em princípio, seria uma única reunião, mas resultou numa iniciativa que vem até hoje, que busca combinar formulação política, formação de quadros, organização de lutadores do povo e intervenção nas lutas sociais. A Consulta Popular vem se constituindo em uma rede de militância, muito aquém do necessário para alterar a correlação de forças no Brasil, mas onde pulsa uma vida militante que tem desaparecido em outras instâncias da esquerda brasileira.

A Consulta Popular nasceu sem uma estratégia completa; muito clara; nasceu como uma iniciativa de lutadores do povo, descontentes com a situação e vendo a necessidade de recolocar na ordem do dia certas tarefas que os partidos não estavam mais cumprindo. Retomar a dignidade da militância, ter um plano de formação de quadros, e ter uma formulação abrangente sobre o Brasil que não privilegiasse a luta eleitoral e a dinâmica imposta pela própria burguesia.

Uma das demandas do Encontro foi a elaboração de um texto abrangente que veio a ser a Opção Brasileira. Um texto que marca um passo à frente. Ele tem cumprido uma tarefa importante, de retomar a idéia da viabilidade de um projeto alternativo e dos fundamentos desse projeto. Nossa busca foi fazer um texto que não fosse uma reafirmação teórica e dogmática do socialismo, mas fosse a busca da reintrodução da discussão do socialismo na sociedade brasileira.

É um livro que vale para uma formação social específica, que é o Brasil, num momento específico da sua História. Ele utiliza um vasto instrumental teórico, mas não explicita isso; ele não pretende ser um livro acadêmico; ele é um livro de intervenção política; não tem que ficar explanando fundamentos teóricos; tem que ganhar politicamente as pessoas para uma certa perspectiva de luta. Ele é, me parece, dentro da esquerda, o documento mais abrangente sobre o Brasil contemporâneo. Há um processo de formação contínua dentro da Consulta. Nós não paramos na Opção Brasileira. Já publicamos dez cartilhas e vinte vídeos.

A Opção Brasileira não é um livro de análise. É um livro de intervenção política. Busca uma linguagem que seja a mais acessível e a mais compreensível, a mais geral possível. Nós, diante do Brasil, não somos como aquele cirurgião do quadro de Rembrandt, que tem diante de si um cadáver, dá aula de anatomia, e está dissecando o cadáver, mostrando: aqui está o tendão, aqui está um músculo. Não temos essa relação "científica" com o Brasil. O Brasil não é um objeto de estudo; é algo no qual estamos imersos e que queremos transformar. Então buscamos conscientemente uma linguagem que não visa, primordialmente, dialogar com a esquerda, com as querelas internas da esquerda, com as tendências da esquerda; visa a defesa de uma opção socialista, defende uma ruptura, defende uma reconstrução da nossa sociedade, mas faz isso dialogando com as pessoas que não são militantes de esquerda; não são pessoas ganhas, tanto assim que, para nós, o socialismo não é o ponto de partida. Essa é outra crítica ao livro, que fala pouco no socialismo. Mas isso foi consciente também.

Se nós começássemos o livro fazendo juras de amor ao socialismo, falando na classe dominante e no proletariado, 95% das pessoas que leram a Opção Brasileira, não teriam lido. Ele não teria, como tem hoje, um impacto considerável no debate intelectual . Tem sido adotado conscientemente nas universidades e está com 20 mil exemplares de venda, uma marca bastante considerável no caso brasileiro.

O socialismo, para nós, aparece como uma conseqüência, uma conclusão. Parte da esquerda usa a palavra socialismo como uma solução tão rápida que faz com que a própria esquerda fique isenta de pensar.
O socialismo vem sendo usado muitas vezes como um conceito tão abrangente, tão gigantesco, que não precisa pensar ... o socialismo resolve. Nós, conscientemente, nos proibimos de usar essa muleta.

Eu acho engraçado que uma parte da esquerda diga que as propostas que estão na Opção Brasileira são semelhantes às do programa democrático nacionalista do PCB dos anos 50. Acho engraçado porque entrei na militância fazendo a crítica desse programa. Quem diz que a burguesia brasileira pode assumir a estatização do sistema financeiro, a expropriação dos meios de comunicação de massa, a reforma agrária, a ruptura da nossa dependência... É brincadeira dizer que a burguesia brasileira pode assimilar isso! Isso é retórica, é falta do que fazer, é próprio de gente que não vive no Brasil. A burguesia brasileira não pode assimilar nem o fim da sonegação fiscal.

Esse (o programa da Consulta Popular) é um programa radicalmente anticapitalista. Só que não é retoricamente. A palavra de ordem com que se realizou a Revolução Russa foi Terra, Paz e Pão. Nada disso é socialismo. Só que, naquele contexto histórico específico, aquilo significava ruptura com um sistema de poder que representava a reprodução do capitalismo russo, e a entrega do poder a outras classes sociais.

A Revolução Chinesa foi em cima da independência nacional e da reforma agrária. A Revolução Cubana foi contra uma ditadura e por uma emancipação nacional. Então, o que define o caráter de uma revolução é que classes sociais vão assumir o poder e realizar essas bandeiras, e que estrutura de poder vai ser montada.

Quem acha que a burguesia brasileira pode aceitar o fim do latifúndio, a estatização do sistema financeiro, a expropriação dos meios de comunicação de massa, ruptura da dependência e nacionalização dos setores estratégicos, está sonhando. O nosso programa rompe com a burguesia brasileira.

A Consulta Popular trata-se de uma estrutura transitória. Ninguém tem muita clareza do que ela vai ser no futuro e nem estamos muito preocupados com isso, porque seria uma construção muito cerebral. A Consulta é um organismo vivo; como o próprio nome diz, ela funciona se consultando.

O importante hoje é que nós conseguimos reunir alguns milhares de lutadores do povo numa estrutura não institucional, não subordinada a direções comprometidas com o stabilishment. Essa estrutura, embora muito incipiente e muito fraca ainda, retomou tarefas muito importantes para a Revolução Brasileira: formação de quadros, organização de lutas sociais, formação teórica no campo da Revolução.

Ela vai, a todo o momento, se reciclar.

Agora teremos um Encontro Nacional no qual vamos definir um plano de trabalho para um ano. Não somos uma estrutura definitiva, não temos respostas para muitas questões, mas estamos aprendendo o caminho ao caminhar. Não estamos querendo parar de caminhar para discutir o caminho, não estamos querendo aprender a nadar fora d´água; estamos dentro da água. Ou a gente se afoga ou aprende a nadar.

Nós caracterizamos o atual sistema político brasileiro como democracia restrita. Existem regras que respeitam a democracia, mas esvaziadas de conteúdo e sob o controle da classe dominante, e que se exerce de maneira muito restritiva. Nossa principal tarefa política é promover o trânsito de uma democracia restrita para uma democracia ampliada ou democracia popular. Esse trânsito não é um trânsito gradual, isto é, a democracia restrita não se transforma em democracia ampliada. Esse trânsito exige rupturas. Então vemos um aspecto processual e um aspecto de ruptura. Vamos convivendo de maneira desigual.

Neste momento predomina o aspecto processual; não estamos em condições de propor uma ruptura. Em outro momento predominará o aspecto de ruptura. Não se transita do modelo político atual para um modelo de democracia popular de maneira indolor. Agora, a forma e o momento dessa ruptura, nós não temos condições de prever. O importante é que nós estamos formando uma nova geração de militantes que vão colocar a questão da Revolução, a questão da ruptura, como um ato legítimo da luta política, coisa que não estava colocada há poucos anos atrás.

Hoje nós temos que construir a rede de militância e temos que saber que a transição para o socialismo não é um crescimento aritmético, mas exige um salto de qualidade. Esse salto de qualidade só poderá ser dado no futuro se nós construirmos desde hoje um processo de acúmulo de forças, de quantidade. Estamos formando gente que volta a ter referência no socialismo, referência na Revolução.

Hegel disse que na História um sistema só é superado quando se apresenta de maneira pura; quando ele se completa. Quando se completa, é quando ele se parece mais forte, pois desenvolveu todas as suas características e se apresenta sem impedimentos e aí, dá-se a sua superação. Pode ser que estejamos vivendo o canto de cisne do capitalismo.

Ocorre que muitas vezes na História a verdade não pode aparecer materialmente. Está bloqueada, e aparece na forma de utopia, mas não deixa de ser verdade e de sinalizar o futuro. Por mais que hoje o comunismo seja uma coisa difícil de visualizar no contexto histórico atual, mesmo que ele apareça como utopia, ele cumpre uma função histórica: sinalizar uma sociedade humana estabelecida sobre outros valores.

Cuba continua sendo uma referência para a nossa luta. Como exemplo de resistência, exemplo de perseverança, exemplo de uma Revolução que não foi traída. Não se trata de copiar o modelo, mas de reconhecer o valor da resistência cubana. Reconhecer que, apesar de todos os pesares, eles têm reafirmado certos princípios inclusive éticos".


Carlos I. S. Azambuja é Historiador.


-- 

--

Nenhum comentário:

Postar um comentário