domingo, 2 de setembro de 2012

O GRITO DO SOLDADO - Gen Queiroz



---------- Mensagem encaminhada ----------
De: CABU Cel Ustra
Data: 2 de setembro de 2012 19:59
Assunto: O GRITO DO SOLDADO - Gen Queiroz



: O GRITO DO SOLDADO - Gen Queiroz
 
   Caros companheiros, 
  Segue em anexo meu último trabalho, em forma de ppt, versando sobre a
 crise do Governo com os militares. Ajude-me a divulgá-lo entre o
 pessoal da reserva e da ativa e também nas nossas Escolas de Formação.
 Ao fazê-lo, estamos contribuindo para que tenhamos um só Exército e
 uma só Força Armada. Um grande abraço do Gen Ref Queiroz 
 
 
Tenha um Bom Dia Soldado Brasileiro!

O GRITO DO
SOLDADO

Enquanto existir farda no coração de um soldado, existirá
honra, dignidade e coragem em sua alma.

O Exército Brasileiro é parte integrante da História do Brasil. Participou de
todos os fatos históricos que marcaram a vida brasileira. Sua presença na
construção dessa História sempre foi em sintonia com os desejos e as aspirações do
povo brasileiro. O Exército teve, tem e sempre terá um compromisso institucional e
afetivo com a liberdade, a democracia e a justiça social. Nunca negou apoio à
sociedade brasileira nos momentos de calamidades e, também, quando ela se sentiu
ameaçada, em seus valores democráticos, por minorias comprometidas com
regimes totalitários. Muitos de seus integrantes deram a própria vida, em lutas
externas e internas, na defesa desses valores. Em alguns momentos circunstanciais
da História, o avanço da revolução comunista no Brasil obrigou a sociedade a
contrapor-se a esse avanço, saindo às ruas em passeatas nunca antes vistas,
sensibilizando o povo a lutar pela preservação da democracia. E o Exército jamais
poderia ficar contra essa vontade do povo. Alguns grupos radicais, patrocinados
por países comunistas, recorreram às armas na luta contra o governo. Seu objetivo
real era tomar o poder pela força e implantar um regime semelhante ao desses
países. Sem qualquer apoio popular, essa minoria foi derrotada. A Lei da Anistia,
aprovada em consenso pelo Congresso Nacional, propôs um reencontro da
sociedade, uma reconciliação nacional, para que se pudesse construir um novo
Brasil, para todos os brasileiros, sem vencidos e vencedores. Essa Lei foi
recepcionada pela Constituição, conforme decisão do STF.

As Forças Armadas deram substância e conteúdo à Lei da Anistia. Aqueles que
antes pegaram em armas para destituir o governo chegaram ao poder pela via
democrática. O Exército, como herdeiro do espírito conciliador de seu patrono Duque
de Caxias, esqueceu o passado e dispensou aos novos governantes todo o seu apoio,
respeito e consideração, tendo como fundamento o espírito democrático e conciliador
de seus integrantes. Tal conduta está coerente com os pilares sagrados da Instituição
Militar: a hierarquia e a disciplina. Em nenhum momento, nenhum militar da ativa fez,
de forma pública e oficial, críticas ou referências ofensivas a qualquer membro do
governo. Sua conduta foi sempre coerente com os seus valores. Os militares
estenderam a mão com a sinceridade que lhes é própria. O que se esperava dos que
exercem temporariamente o poder era que estendessem também a mão e que tivessem
uma postura de respeito ao Exército e aos militares. O Exército não são apenas os
homens de hoje, mas também os do ontem, que tanto ajudaram a construir a sua
história. É, portanto, inaceitável que Secretários de Governo, falando em nome do
Governo, venham a público fazer comentários ofensivos a militares e, ainda, incitar
pessoas a desrespeitarem a Lei da Anistia. O Presidente da República tem o dever de
zelar pelo fortalecimento das Instituições de Estado e pelo cumprimento das Leis e da
Constituição, a qual jurou cumprir. O exercício do cargo lhe confere a função de
Comandante Supremo das Forças Armadas, o que gera a obrigação de, como
Comandante, defender as Instituições Militares e os seus integrantes.

Os militares da ativa, por questão de disciplina, estão impedidos de se
manifestarem. Cabe ao Comandante do Exército, como Chefe, defender os seus
subordinados, levando aos superiores o descontentamento dos quartéis com as citações
provocativas e ofensivas aos militares, verbalizadas por membros do Governo. Deve,
inclusive, reconhecer – como realmente fez - o direito de os Clubes Militares, como
associações civis, manifestarem-se a favor ou contra atitudes de autoridades
governamentais. É o direito à liberdade de expressão, essência da democracia. E foi
exatamente isto o que os Presidentes dos Clubes fizeram. Defenderam os militares.
Exerceram o seu direito e cumpriram o seu dever Num regime democrático, as
autoridades governamentais precisam aprender a conviver com os elogios e as críticas,
com as concordâncias e as discordâncias. As citações provocativas que setores do
Governo vêm fazendo aos militares – que sempre cumpriram e cumprem o seu dever
com abnegação e disciplina - estão em completo desacordo com o espírito da Lei da
Anistia e em nada contribuem para o fortalecimento de uma reconciliação nacional.
Esses setores estão descumprindo a Lei. Dão a impressão de um revanchismo proposital.
Até parece que consideram os militares como adversários e não como parceiros da
democracia, como promotores da guerra e não como defensores da paz. Os militares são
pessoas dignas e honestas. Membros do Governo podem até discordar de mim, mas eu
gostaria de ter o direito de discordar deles, de até mesmo criticá-los. Se eu não puder
fazê-lo, a nossa democracia não está pavimentando o futuro, mas se voltando para o
passado.

A formação militar nos ensina que todo Chefe deve exercer o comando e a
liderança sobre os subordinados. Ser omisso na defesa da Instituição e de seus
integrantes é não cumprir o dever de soldado, é enfraquecer a confiança dos
subordinados nos superiores. Quem porta a espada de Caxias deve estar à altura
do brilho moral de nosso patrono. A hierarquia e a disciplina impõem restrições
aos militares da ativa, mas não restringem a liberdade de expressão dos inativos.
A Constituição Federal e a Lei 7.524, de 1986, garantem aos inativos o direito de se
manifestarem politicamente. Inibir o exercício desse direito é atentar contra o
Estado Democrático de Direito, nascido com a Constituição de 1988, é desprezar a
democracia. Negar o exercício da liberdade é próprio de governos não
democráticos e não é isso o que queremos para o Brasil. O que queremos é uma
democracia onde todas as pessoas, respeitadas as normas legais, possam criticar o
governo sem medo de repressão. Quando um governo reprime e pune os críticos e
discordantes, quando permite ações persecutórias contra segmentos profissionais é
porque não está governando para todos, é porque não tem muita afinidade com a
democracia. O que os militares brasileiros exigem é respeito à sua história, à sua
honra e à sua dignidade. O Exército Brasileiro não é uma Instituição que nasceu
ontem, ao sabor de interesses políticos. Sua vocação é a democracia, seu
compromisso é com o Brasil.

A História e os valores do Exército constituem uma espécie de santuário, que
não pode ser profanado. Atacar ou ofender, gratuita e inoportunamente,
membros do Exercito, de forma pública e constante, é querer denegrir a sua
imagem, é querer desconstituir a sua história. O Exército é uma Instituição
secular, portadora de esplendor histórico, de valores referenciais e de uma
invejável credibilidade. Dar à Instituição e aos seus integrantes tratamento
demeritório é menosprezar um patrimônio, construído ao longo de séculos. Tal
patrimônio precisa ser valorizado e preservado. As declarações desagregadoras,
feitas por membros do Governo contra os militares, mostram a existência de um
espírito revanchista adormecido. O rebaixamento salarial progressivo, imposto
aos integrantes das Forças Armadas, demonstra a má vontade do Governo para
com os militares. Os Presidentes dos Clubes Militares cumpriram o seu dever.
Expressaram o pensamento dos profissionais da disciplina e dos associados do
Clube. Um verdadeiro soldado, quando se aposenta, tira a farda do corpo e a
veste na alma. Jamais perde a sua grandeza, a sua dignidade, a sua honra e a sua
coragem.

Texto e Formatação: Gen Ref José B. Queiroz

(Membro da Academia de História Militar Terrestre do
Brasil)

Música: The conquest of
paradise
Imagens: Internet
jobaque@gmail.com

Os soldados do passado deram a sua vida pelo Brasil, honrando o seu
juramento; os do presente jamais permitirão que seja denegrida a
imagem do soldado de todos os tempos. O Exército é uno e indivisível.












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