quarta-feira, 25 de julho de 2012

DECISÕES EM XEQUE


Camila Brunelli - O Estado de S. Paulo
O secretário de Segurança Pública do Estado, Antonio Ferreira Pinto, reprovou na sexta-feira, 20, a iniciativa de oficiais da Polícia Militar de pedir desculpas à família de Ricardo Prudente de Aquino, o publicitário morto por PMs no Alto de Pinheiros. Ferreira Pinto disse que o Estado lamenta o ocorrido, mas que pedir desculpas seria algo vazio.
"Desculpa, acho que chega a ser ridículo, bisonho. A família fica até mais indignada, parece até uma certa insensibilidade. Na minha avaliação, foi um erro. Se eu tivesse sido consultado, diria que a gente deve respeitar a dor dos familiares."
Na manhã da quinta-feira, o tenente da PM Gilberto Evangelista, do 23.º Batalhão - mesma unidade dos policiais que mataram o publicitário -, foi à casa da vítima pedir desculpas à família. Horas mais tarde, durante entrevista coletiva sobre o caso, o comandante interino da Polícia Militar, coronel Hudson Tabajara Camilli, também pediu desculpas publicamente à família de Aquino e à sociedade.
Crítica. Para a coordenadora do Laboratório de Estudos e Intervenções sobre o Luto da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), psicóloga Maria Helena Pereira Franco, a iniciativa do policial que esteve na casa do publicitário foi precipitada. "Eu não sei o que o levou a ir lá naquele momento e da maneira que fez, mas acho que ele poderia ter esperado um pouco mais", disse a especialista. "Eu não chamaria de desrespeito, mas toda família precisa de um tempo para absorver o que está acontecendo. Acho que nesse caso ele estava considerando mais a necessidade dele diante disso do que o estado dos familiares."
Já no pedido público de desculpas de Camilli, segundo Maria Helena, houve uma distância "mais confortável para a família". "Eu não sei como os parentes estão lidando com essa perda, ou como estão entendendo isso, mas, dependendo do caso, o pedido de desculpas pode ser interpretado como ato de boa vontade, com intenção reparatória ou até como ato de invasão."
A psicóloga não quis comentar as críticas de Ferreira Pinto. "Eu diria que ele está fazendo um julgamento de valor tendo em mente com o que está acostumado a lidar, o procedimento policial."


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