14/06/2013
às 20:12
Isto
é uma informação, não uma interpretação. O PT liberou a tigrada para ir às ruas
na segunda-feira. Os sindicatos de trabalhadores e estudantis dominados pelo
partido estão sendo convocados a participar do que pretendem que seja uma
megamanifestação, aí não mais contra a tarifa de ônibus, mas contra a Polícia
Militar e contra o governo de São Paulo. A ordem, aliás, é focar o menos
possível no valor da passagem de ônibus. Por óbvio, a questão pode arranhar a
imagem de Fernando Haddad. Os petistas estão vendo na questão uma chance de
ouro de realizar uma dupla operação:
a: diluir o mal-estar com a elevação da tarifa;
b: mudar definitivamente o sentido dos protestos.
a: diluir o mal-estar com a elevação da tarifa;
b: mudar definitivamente o sentido dos protestos.
O
movimento é organizado, veio de cima. O próprio Haddad saiu na frente. Foi a
primeira autoridade petista, já na noite de ontem, a criticar “a violência” da
Polícia. Ele o fez depois de conversar com a cúpula partidária. Gilberto
Carvalho — que comanda a pasta que, na prática, “organiza” os índios — está
sabendo de tudo. É ele quem faz a interlocução com os movimentos sociais.
Os
petistas tentam “assumir a liderança” do movimento em São Paulo, que consideram
perigosamente fora do controle. Ao assumi-la, por intermédio dos movimentos
sociais e lhe dar uma direção, pretendem mudar o eixo dos protestos. Observem que
José Eduardo Cardozo também atacou a Polícia. Ideli Salvatti, ministra das
Relações Institucionais, defendeu “o direito à manifestação”, como se alguém
estivesse a contestá-lo.
PC
do B
O PC do B também está chamando a sua turma. Membros da Juventude Socialista já andaram aparecendo nos protestos. Na segunda, haverá uma espécie de adesão formal. Não se esqueçam de que o partido tem a vice-prefeita de São Paulo, Nádia Campeão.
O PC do B também está chamando a sua turma. Membros da Juventude Socialista já andaram aparecendo nos protestos. Na segunda, haverá uma espécie de adesão formal. Não se esqueçam de que o partido tem a vice-prefeita de São Paulo, Nádia Campeão.
Pusilanimidade
Haddad, diga-se, convidou o Movimento Passe Livre para um papinho. Quer ouvir as suas propostas. A menos que o grupo tenha mudado a agenda, sei qual é: transporte gratuito para todos. A turma tem uma máxima bucéfala: se é público, por que é pago? Entenderam? Eles fingem não entender que tudo, rigorosamente tudo, o que é é público é… pago! Alguém sempre arca com os custos.
Haddad, diga-se, convidou o Movimento Passe Livre para um papinho. Quer ouvir as suas propostas. A menos que o grupo tenha mudado a agenda, sei qual é: transporte gratuito para todos. A turma tem uma máxima bucéfala: se é público, por que é pago? Entenderam? Eles fingem não entender que tudo, rigorosamente tudo, o que é é público é… pago! Alguém sempre arca com os custos.
É
um caso evidente de pusilanimidade política. Ao receber pessoalmente os
representantes do Passe Livre, o prefeito estará endossando seus métodos:
depredação, quebra-quebra, coquetel molotov, porrada.
É
preciso deixar claro: ao aderir aos protestos e tentar mudar a sua natureza,
evidencia-se o caráter político-eleitoral dos protestos. O PT e o PC do B
enxergaram no episódio uma janela de oportunidades e decidiram tomar a rédea
dos protestos, tirando-o da condução da turma do Passe Livre, PSOL e PCO. Ainda
que, num dado momento, todos se entendam, têm lá suas diferenças de estratégia.
Violência
Os petistas graúdos passaram a considerar também que é fundamental que não haja violência na segunda-feira. Na fórmula de uma deles, a manifestação só será bem-sucedida se for grande e pacífica e se concentrar suas palavras de ordem em favor da liberdade de expressão (como se ela estivesse sob ameaça), contra a violência policial e contra o governo Alckmin.
Os petistas graúdos passaram a considerar também que é fundamental que não haja violência na segunda-feira. Na fórmula de uma deles, a manifestação só será bem-sucedida se for grande e pacífica e se concentrar suas palavras de ordem em favor da liberdade de expressão (como se ela estivesse sob ameaça), contra a violência policial e contra o governo Alckmin.
É
assim que o PT faz política. É assim que sempre fez. E assim fará enquanto
existir. Não é uma questão de escolha, mas de natureza. Podem contar: na
segunda, os petistas param São Paulo. E tentarão provar que é para o bem dos
paulistanos.
Para
encerrar
Ao saber que jornalistas haviam sido feridos nos confrontos dessa quinta, um petista de alto coturno quase soltou rojão. Anteviu uma reação corporativista, como de fato aconteceu, e comemorou: “Agora eles [os jornalistas] vêm pro nosso lado!” Como se a maioria já não tivesse ido…
Ao saber que jornalistas haviam sido feridos nos confrontos dessa quinta, um petista de alto coturno quase soltou rojão. Anteviu uma reação corporativista, como de fato aconteceu, e comemorou: “Agora eles [os jornalistas] vêm pro nosso lado!” Como se a maioria já não tivesse ido…
Por Reinaldo Azevedo
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