segunda-feira, 9 de março de 2015

Quem é o juiz federal Sergio Moro?


  
Quem é o Juiz Federal Sergio Moro?

Dono de estilo reservado e hábitos simples, o juiz da vara federal de Curitiba entrou para a história do País ao levar executivos de empreiteiras para a cadeia e se mostrar implacável no combate à corrupção na política

Sempre que alguém o compara com Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Sérgio Moro desconversa.  Ou melhor, silencia.  O juiz da 13ª vara federal criminal de Curitiba, que ganhou notoriedade à frente das investigações da Operação Lava-Jato, não gosta desse tipo de comparação nem de especulações sobre o seu futuro.  Há alguns anos, rejeitou sondagens para se tornar desembargador, o que para muitos é degrau natural para galgar a última instância do Judiciário.  Moro afastou-se da oferta por desconfiar de tentativa de cooptação por parte de um figurão da política nacional que temia virar réu num inquérito que chegou à sua mesa.  Não fosse isso, ele daria outro jeito de recusar a oferta por acreditar que ainda há muito o que fazer na primeira instância.  Eleito por ISTOÉ o “Brasileiro do Ano, Moro não mostra sedução pelo poder da toga.  De hábitos simples, ele faz parte de uma rara safra de juízes que encararam a magistratura como profissão de fé.

Não dá entrevista, nem posa para fotos. 
Dispensa privilégios. Vai para o trabalho todos os dias a bordo de um velho Fiat Idea 2005, prata, bastante sujo e repleto de livros jurídicos empilhados no banco de trás.  Antes, chegou a ir de bicicleta.
Quando eu chego aos lugares, ninguém imagina que é o Sérgio Moro”, conta, sorrindo.  Apesar de ter se tornado o inimigo número 1 de poderosos, prefere andar sem guarda-costas.  Quem sempre reclama é a esposa, a advogada Rosângela Wolff de Quadros Moro, procuradora jurídica da Federação Nacional das Apaes, instituição dedicada à inclusão social de pessoas com deficiência.  A “sra. Moro” teme pela segurança do marido, e dela mesma, afinal o magistrado se mostrou implacável com a corrupção ao encurralar integrantes do governo do PT e levar, numa ação inédita, executivos das maiores empreiteiras do País à cadeia.

Nascido em Ponta Grossa há 42 anos, Moro é filho de Odete Starke Moro com Dalton Áureo Moro, professor de geografia da Universidade de Estadual de Maringá– morto em 2005.  Antes de ingressar na magistratura, seguiu os passos do pai.  Integrou o mesmo Departamento de Geografia da UEM e também deu aula nos colégios Papa João XIII e Dr. Gastão Vidigal.  Obteve os títulos de mestre e doutor em direito do Estado pela Universidade Federal do Paraná.  Seu orientador foi Marçal Justen Filho, um dos mais conceituados especialistas em licitações e contratos.  Cursou o Program of Instruction for Lawyers na prestigiada Harvard Law Schoole participou de programas de estudos sobre lavagem de dinheiro no International Visitors Program, promovido pelo Departamento de Estado americano.  Moro criou varas especializadas em crimes financeiros na Justiça Federal e traz no currículo outras operações de peso.  Presidiu o inquérito da operação Farol da Colina, que desmontou uma rede de 60 doleiros, entre eles Alberto Youssef.  A investigação fora um desdobramento do caso Banestado, que apurou a evasão de US$ 30 bilhões de políticos por meio das chamadas contas CC5.

Ciente de que os mecanismos de lavagem de dinheiro evoluem e se tornam cada vez mais complexos, Moro não para de estudar. 
É um aficionado pela histórica “Operação Mãos Limpas”.
Quando a compara com a Lava Jato, não tem dúvidas: “É apenas o começo”.
O caso que marcou para sempre a política italiana foi deflagrado por um acordo de delação, mecanismo inaugurado anos antes nos processos contra a máfia.  Após dois anos de investigações, a Justiça italiana havia expedido 2.993 mandados de prisão contra empresários e centenas de parlamentares, dentre os quais quatro ex-premiê s. 
Num artigo sobre o caso italiano em 2004, Moro exalta os chamados “pretori d’assalto”, ou “juízes de ataque”, geração de magistrados dos anos 1970 na Itália que ganharam espécie e legitimidade ao usar a lei para “reduzir a injustiça social”, tomar posturas antigovernamentais” e muitas vezes agir “em substituição a um poder político impotente”. O juiz se identifica com essa geração e vê no Brasil de hoje um cenário semelhante e propício ao combate à corrupção.






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