terça-feira, 28 de junho de 2016

Erasmo Dias




MÃO ÚNICA
O Coronel EB, Erasmo Dias, após ter comandado as operações contra a guerrilha que o Lamarca pretendia instalar no Vale do Ribeira, passou para a Reserva e assumiu a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, tendo permanecido no cargo de março de 1974 a maio de 1978 durante os governos de Laudo Natel e Paulo Egídio, voltando outras duas vezes por curtos períodos.
Foi um Secretário polêmico: ao lado de boas realizações, agia, às vezes impulsivamente, gerando controvérsias. Uma das suas ações, que deu mais o que falar na mídia e entre os intectualóides esquerdopatas, foi a invasão do campus da PUC-SP, pela PM, a seu mando e a condução de centenas de estudantes detidos ao quartel Tobias de Aguiar para triagem pelo DEOPS.
Para nós, foi um bom Secretário, fazendo dupla com o nosso Comandante Geral, o então Coronel Torres de Mello, dando grande apoio as ações da PM, e prestigiando os "meganhas de rua", especialmente nas promoções, muito embora tenham ocorrido umas cangalhas indecorosas nas promoções de dezembro de 1975, porém por culpa, muito mais, do grupo de Coronéis nossos, que "dominaram" a Corporação por um bom tempo.
Tive algumas passagens com ele, nem sempre mito agradáveis:
 No final de uma tarde, houve um roubo a um banco em Itaquera e eu, como Sub Cmt do Segundo Batalhão, fui para o local, onde, apareceu, também, o Coronel Erasmo:
_. Por que vocês não fizeram bloqueios para pegar os bandidos?
_ Secretário, o senhor vai me desculpar, mas de nada adiantaria, pois, cinco minutos após o roubo, eles já poderiam estar, até, em outro município: são muitos os itinerários de fuga. Além do mais, na hora do rush, nós paralisaríamos o trânsito do Bairro, com reflexos em toda a Zona Leste.
Ele resmungou, e insistiu nos bloqueios. Aliás, durante o tempo Erasmo/Torres de Mello, a PM realizava, quase toda a semana, um bloqueio em uma avenida de cada área de CPA, com resultados pífios, que só serviam para atormentar aqueles que, cansados, voltavam do trabalho ou das Faculdades
_O senhor tem razão, numa próxima vez nós providenciaremos os bloqueios.
Doutra feita, foi um episódio um tanto hilário. Eu comandava o CPM, quando o repórter de uma rádio, o Nelo Rodolfo, telefonou-me dizendo que o Coronel. Erasmo estava, no Plenário da Assembleia Legislativa, "espinafrando" uma guarnição de RP, que o havia abordado.
Pedi um tempo, para apurar o fato. Através do Chefe de Operações do COPOM, fui informado dos detalhes e liguei para o Gabinete Militar da Assembleia, para que fosse explicado o ocorrido ao presidente da Casa e para o Nelo Rodolfo, que me entrevistou, ao vivo, sobre o assunto, o que deixou o Coronel Erasmo fulo:
Aconteceu que uma guarnição de RP, patrulhando pela rua Peixoto Gomide, desconfiou de um carro e quando abordava o seu motorista, eis que sai do restaurante em frente de onde se encontrava o carro estacionado, o Coronel Erasmo:
_. Por que vocês estão perturbando o meu motorista? Eu sou deputado e este carro é da Assembleia.
Os PM, reconhecendo o ex-Secretário, explicaram:
_ Sabe Coronel, nós desconfiamos do carro porque essa placa amarela, que está nele, já foi abolida há mais de dez anos.
_. Vocês não têm nada que ver com isso. –subiu no carro e saiu.
Logo mais à frente, ele manda parar o carro e, bravo, interpela a guarnição da viatura, que estava logo atrás dele:
_. Já não disse para vocês, que eu sou Deputado? Porque vocês estão me seguindo?
_. Desculpe, deputado, mas nós só temos esse caminho: a rua é mão única!
 Ralph


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