Cidades
PM impede que protesto feche via de acesso ao Itaquerão
Choque cerca rua em que manifestantes se concentravam, para manter a Radial Leste livre. Vândalos ateiam fogo a lixeiras e lançam bombas contra PM
Professor é detido pela PM durante ato contra a Copa, em São Paulo - Defensoria Pública de São Paulo
Atualizada às 12h00
Homens de Batalhão de Choque da Polícia Militar de São Paulo impediram na manhã desta quinta-feira que um grupo de manifestantes concentrados na Rua Apucarana, no Tatuapé, Zona Leste de São Paulo, se dirigisse à Radial Leste, via de acesso ao estádio do Itaquerão. Os PMs, que formam um cordão de isolamento no local, lançaram bombas de efeito moral contra o grupo de 100 pessoas para dispersar os manifestantes. Houve tumulto na região e três pessoas foram detidas. Vários manifestantes, inclusive black-blocs, se dispersaram pelas ruas do bairro - e parte do grupo se juntou ao protesto dos metroviários, na sede do sindicato da categoria, na Rua Serra de Japi, próxima à Apucarana. Vândalos espalhados pelo bairro atearam fogo a latas de lixo - inclusive em frente a um posto de gasolina - e atiraram pedras e bombas caseiras contra a polícia. Em resposta, o Choque avançou contra o grupo.
A PM já avisou aos sindicalistas e manifestantes que a ocupação da Radial Leste não será permitida - a região está cercada pela polícia. Durante o tumulto ao menos dois jornalistas ficaram feridos: uma repórter da rede americana CNN, no braço, e um assistente de câmera do SBT, ferido no rosto por estilhaços de bomba. Além de homens do Choque, agentes da Força Tática reforçam o efetivo no local. O "Grande Ato 12 de Junho Não Vai ter Copa" foi organizado por seis coletivos, com início às 10 horas, em frente à estação Carrão da linha 3-Vermelha do metrô, na Zona Leste de São Paulo. Os manifestantes pretendiam traçar um percurso de onze quilômetros, até chegar ao Itaquerão, palco da abertura do Mundial. Alguns mascarados chegaram a quebrar os cavaletes da CET que interditam a região e utilizar os pedaços de madeira para agredir a polícia.
Além de São Paulo, pelo menos outras sete cidades-sede da Copa do Mundo têm protestos agendados nesta quinta: Recife, Fortaleza, Brasília, Belo Horizonte, Porto Alegre, Salvador e Rio de Janeiro. O grupo Comitê Popular da Copa de São Paulo, que promoveu o ato "Dia Internacional de Lutas Contra a Copa" na Avenida Paulista em 15 de maio, marcou outro ato para a abertura da Copa, o "Manifesta Junina". Será realizado na Ocupação Mauá, na Luz, Região Central da cidade.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) organizaram uma manifestação na invasão apelidada de Copa do Povo, nos arredores do Itaquerão, estádio que receberá a partida entre Brasil e Croácia. O grupo, contudo, não pretende marchar em direção ao estádio, e fará apenas jogos entre times de categorias trabalhistas.
Mais protestos – No Rio de Janeiro estão agendadas ainda outras três manifestações: duas em Copacabana, às 15 e às 16 horas, outra às 19 horas, na Cinelândia. Os primeiros protestos, na Zona Sul da cidade, são os mais preocupantes, devido à proximidade com a arena da Fifa Fan Fest, construída na Praia de Copacabana. A arena transmitirá o jogo em um telão de 150 metros quadrados e tem capacidade para receber até 20.000 pessoas. O risco de manifestantes contrários à Copa tentarem invadir ou perturbar o evento não é descartado pelas autoridades de segurança.
Para evitar incidentes, o policiamento no local, considerado estratégico devido à intensa programação nos dias de jogos, será reforçado. “Estamos de volta com força total. E com experiência de quem já bateu de frente com a Força Nacional”, diz a página do Black Bloc Zona Oeste-RJ, que publicou uma foto em que mascarados seguram tapumes de metal retirados de uma obra na Barra da Tijuca e lançam pedras contra a Força Nacional. A foto foi feita em 21 de em outubro, durante protesto contra o leilão de Libra, a primeira área de petróleo a ser licitada sob o regime de partilha.
No Facebook, grupos como Anonymous e Black Blocs deixam claro o desafio que as forças de segurança enfrentarão até o fim do Mundial. “Preparem-se que as coisas só irão piorar daqui para frente. Sejam bem vindos à copa das manifestações, faremos esse estado tremer debaixo dos vossos pés. O grande dia chegou senhores, não tem mais volta”, diz uma publicação do Black Bloc SP – Zona Oeste, do dia 9.
(Com reportagem de Pâmela Oliveira)
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