MP de São Paulo denuncia Lula por lavagem de dinheiro
Petista é acusado ainda de falsidade ideológica em processo que investiga propriedade de tríplex do Guarujá. Marisa Letícia e Lulinha também foram denunciados
Por: Nicole Fusco, de São Paulo, e Laryssa Borges, de Brasília
- Atualizado em
Lula recusou-se por duas vezes a depor na investigação. Nas últimas
semanas, a defesa de Lula encaminhou informações por escrito ao promotor
de São Paulo e conseguiu um habeas corpus
no Tribunal de Justiça do Estado, depois de recorrer também ao Conselho
Nacional do Ministério Público e ao Supremo Tribunal Federal contra o
promotor.
A denúncia contra o ex-presidente decorre da investigação de fraudes
em negócios realizados pela Bancoop, cooperativa habitacional de
bancários que deu calote em seus associados enquanto desviava recursos
para os cofres do PT. A Bancoop quebrou em 2006 e deixou quase 3 000
famílias sem seus imóveis, enquanto viam, inermes, petistas estrelados
receber seus apartamentos. Em abril do ano passado, VEJA revelou que,
depois de um pedido feito por Lula ao então presidente da OAS, Léo
Pinheiro, seu amigo do peito condenado a dezesseis anos de prisão no
petrolão, a empreiteira assumiu a construção de vários prédios da
cooperativa. O favor garantiu a conclusão das obras nos apartamentos de
João Vaccari Neto, aquele mesmo que, até ser preso pela Operação
Lava-Jato, comandou a própria Bancoop e a tesouraria do PT. A OAS
assumiu também a reforma do tríplex de 297 metros quadrados no Edifício
Solaris, de frente para o mar do Guarujá, pertencente ao ex-presidente
Lula e a sua esposa, Marisa Letícia.
A OAS desempenhou ainda o papel de "laranja" de Lula, passando-se por
dona do tríplex. A manobra foi cuidadosamente apurada pelos promotores
do Ministério Público de São Paulo, que trabalham a apenas quinze
minutos de carro da sede do Instituto Lula. Durante seis meses, eles se
dedicaram a esquadrinhar a relação entre a OAS e o patrimônio
imobiliário dos chefes petistas. Concluíram que o tríplex no Guarujá é a
evidência material mais visível da rentável parceria de Lula com os
empresários corruptores que hoje respondem por seus crimes diante do
juiz Sergio Moro, que preside a Operação Lava-Jato. Os promotores
ouviram testemunhas e obtiveram recibos e contratos que colocam o
ex-presidente na posição de ter de explicar na Justiça as razões pelas
quais tentou de todas as maneiras negar ser o dono do tríplex. Para os
promotores, as negaças de Lula configuram o crime de lavagem de
dinheiro.
Em fevereiro, VEJA revelou novos diálogos
que mostram Lula e Marisa Letícia tratados como "o chefe e a madame"
pela cúpula da empreiteira OAS, que assumiu a obra da cooperativa
Bancoop, ligada ao PT, e reformou a cobertura para o ex-presidente na
praia das Astúrias.
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