Editorial de Migalhas
A
imprensa, e estamos aqui incluídos, deve fazer hoje seu mea culpa. E
fazê-lo porque o Estado do Amazonas é muito mal coberto,
jornalisticamente falando. As distâncias geográficas tiram a
atratividade da notícia, de modo que o leitor do resto do país não se
coloca no lugar do noticiado, o que faz com que os fatos, de certa
forma, não tenham a divulgação que merecem.
E
por que falamos isso ? Porque não é de hoje que a situação do Estado é
periclitante. Há suspeitas, segundo O Globo, até de que o governador
tenha recebido apoio político, para se reeleger, exatamente de uma das
facções que praticou a barbárie no presídio (clique aqui). E mais, de acordo com O Antagonista, o governador recebeu doações de empresa que administra o presídio (clique aqui).Mas estas notícias ficam assim, como se tudo fosse normal. Não é. Não é. E não é.
De Manaus, já vieram outras tantas histórias estranhas envolvendo o atual governador. Ele é acusado de mil e uma coisas.
Mas então como ainda administra o Estado, pergunta o leitor ? E a resposta é simples, e vem com outra pergunta.
O
leitor sabe que ele é um governador cassado ? Sim, o TRE/AM cassou o
governador em janeiro de 2016. Ele entrou com recurso e
inexplicavelmente o presidente do TSE não se dignou a pôr em pauta o
caso para julgamento.
Aliás,
há, a nosso ver, um erro regimental no TSE, que deve existir também em
outras Cortes. E explicamos. O processo, sendo liberado pelo relator
(como é o caso do recurso do governador), deveria ir à pauta por ordem
de liberação, sem que a escolha fique ao talante do eventual presidente.
Mas há mais. No caso, o presidente do TSE está impedido, e mesmo assim o
caso fica ao alvedrio do humor de S. Exa. em colocá-lo ou não em pauta.
Ontem
vimos uma das consequências de ter-se um governador cassado há um ano
comandando gostosamente o Estado mesmo sob acusações gravíssimas : ele
teme que lhe cortem a cabeça, metaforicamente falando, mas pouco importa
se dezenas são literalmente decapitadas.
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